Influenciados pelo último reajuste dos combustíveis pela Petrobras, os mais de cem representantes do mercado financeiro ouvidos na semana passada para o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (21) pelo Banco Central, revisaram para cima a expectativa de inflação para este ano. Agora, eles projetam que o indicador medido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) vai subir de 4,84% para 4,90% em 2023.
Na quarta-feira passada (16), a petroleira brasileira reajustou em R$ 0,41 o preço médio do litro da gasolina tipo A para as distribuidoras e em R$ 0,78 o litro do diesel tipo A.
Após o reajuste, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, previu que o impacto total do reajuste na inflação deste ano deverá ser de 0,40 ponto percentual. Ele não deixou claro, no entanto, os impactos que a projeção de alta inflacionária pode ter na condução da política monetária.
Sobre a fala de Campos Neto, o economista do ICL André Campedelli, disse que ela “mostra, mais uma vez, que o presidente observa a inflação de maneira equivocada” e que qualquer tentativa de manter a Selic alta será um grande erro.
No entanto, vale ressaltar que o reajuste dos combustíveis já era esperado pelo mercado no segundo semestre, principalmente depois que os tributos federais sobre os combustíveis subiram a partir de 29 de junho, quando perdeu a validade a medida provisória que fixava alíquotas menores dos impostos cobrados pela União sobre a gasolina e o etanol.
Se a projeção do mercado se concretizar, a inflação caminha, pelo terceiro ano consecutivo, para o estouro da meta, fixada em 3,25% pelo CMN (Conselho Monetário Nacional. O indicador será considerado formalmente cumprido se oscilar entre 1,75% e 4,75% neste ano.
Para 2024, o Boletim Focus indica que o mercado financeiro manteve em 3,86% sua estimativa para a inflação. O CMN definiu o centro da meta em 3% no ano que vem, e a inflação será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Boletim Focus: mercado financeiro mantém crescimento do PIB e taxa básica de juros estáveis para este ano
Para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, a projeção do mercado financeiro ficou estável em 2,29% em relação à edição anterior do Boletim Focus. Por sua vez, para 2024, a previsão de crescimento da economia brasileira avançou de 1,30% para 1,33%.
Em relação à taxa básica de juros (Selic), os analistas do mercado financeiro também mantiveram as estimativas em 11,75% ao ano.
Para o ano que vem, a projeção do mercado para o juro básico da economia também seguiu nos mesmos 9% ao ano.
Com relação ao dólar, a projeção para a taxa de câmbio para o fim de 2023 subiu de R$ 4,93 para R$ 4,95. Para o fim de 2024, ficou estável em R$ 5.
Já para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção subiu de US$ 70 bilhões para US$ 71,7 bilhões de superávit em 2023. Para 2024, a expectativa para o saldo positivo permaneceu em US$ 60 bilhões.
Por fim, o ingresso de investimento estrangeiro direto permaneceu em US$ 80 bilhões este ano, mesmo valor previsto para 2024.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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