Por Catarina Scortecci
(Folhapress) – O ex-policial penal Jorge Guaranho, condenado nesta quinta-feira (13) pela morte do militante petista e guarda municipal Marcelo Arruda, vai para a prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico. Ele havia sido condenado a prisão em regime inicial fechado, por 20 anos, pelo Tribunal do Júri de Curitiba.
A decisão liminar, assinada nesta sexta-feira (14), é do desembargador Gamaliel Seme Scaff, do Tribunal de Justiça do Paraná.
“Entendo que não se pode desprezar a precária condição da saúde do paciente (…). Ao que parece, o paciente continua muito debilitado e com dificuldade para se deslocar em razão da enfermidade e das lesões que o acometem, logo, por ora, chega-se à ilação de que sua prisão domiciliar não colocará em risco a sociedade ou o cumprimento da lei penal”, escreveu o magistrado.
Os advogados de defesa do réu disseram ao TJ que Guaranho realiza “tratamento médico especializado em decorrência de ter sido alvo de nove disparos de arma de fogo e severos espancamentos por mais de cinco minutos, resultando em fratura completa da mandíbula, perda completa de dentes e massa óssea”.
Acrescentaram que “os diversos projéteis estão alojados no corpo do paciente, inclusive na caixa craniana e na porção esquerda da massa encefálica”.

Jorge Guaranho (à esq.) assassinou o petista Marcelo Arruda (à dir.); crime teve motivação política
Petista foi assassinado na própria festa de aniversário
Guaranho foi condenado pelo Tribunal do Júri de Curitiba pelo crime de homicídio duplamente qualificado, praticado em 2022, quando ele invadiu a festa de aniversário do petista Marcelo, em um clube em Foz do Iguaçu (PR).
Uma das qualificadoras é o motivo fútil, em referência à divergência política. Apoiador do então presidente Jair Bolsonaro, Guaranho foi até o local quando soube que havia uma festa com símbolos petistas na decoração e fotos do presidente Lula (então candidato). Guaranho não conhecia Marcelo, que era tesoureiro do PT em Foz e comemorava seus 50 anos de idade na ocasião.
Marcelo foi atingido por dois tiros disparados por Guaranho e não resistiu aos ferimentos, morrendo na madrugada do dia 10 de julho daquele ano.
Na noite do crime, mesmo alvejado por Guaranho, Marcelo ainda conseguiu disparar contra o policial penal, que, caído no chão, também levou chutes de outras três pessoas que estavam na festa e acompanharam toda a ação.
Hoje com projéteis ainda alojados no corpo, ele utiliza muletas para andar e toma remédios rotineiramente para dores.
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