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Pedro Barciela

Autor no blog Essa Tal Rede Social, estuda e atua na área de monitoramento e análise de redes sociais com foco em política e campanhas eleitorais.

O desserviço bolsonarista na retórica da pauta ambiental

Tentar explorar politicamente o tema a qualquer custo mina o debate sobre as queimadas no Pantanal
29/06/2024 | 08h52

No dia 23, uma série de cenas de queimadas impressionaram usuários e geraram matérias na imprensa. Estas imagens também geram engajamento no Instagram, com G1, Jornalistas Livres, Metrópoles e André Trigueiro sendo os perfis em evidência. Já no X (Twitter), ocorre uma tentativa de politização do tema por parte de atores bolsonaristas: Milton Neves, Rubinho Nunes, Kim Paim e Elisa Brom se destacam. O foco está exclusivamente nos ataques contra Marina Silva e uma retórica que busca “apontar o uso político” das queimadas ocorridas na gestão Jair Bolsonaro. O incômodo com a não-politização do tema neste caso é latente, com críticas direcionadas também para a imprensa. Essa retórica explicitamente bolsonarista é possivelmente um dos pontos responsáveis pelo limite do alcance deste tema até o momento. Aqui, o debate pautado exclusivamente por questões de “rancor” em detrimento de um debate sobre questões ambientais limita a pauta.

Imagens mais compartilhadas sobre o tema focam em Marina Silva, incêndio contrastando com festas de São João e o impacto na fauna da região

Já no dia 24, o tema é completamente dominado por menções de atores ligados ao bolsonarismo. Com exceção de influenciadores como André Trigueiro e portais de imprensa, não há qualquer indício de atores não-polarizados falando sobre isso. O aumento no número de queimadas e os recordes negativos registrados são noticiados pela imprensa (UOL, Estadão, Globo, CNN, Jovem Pan) mas não alcançaram o engajamento de destaque de outros períodos. Em especial, o campo bolsonarista demonstra um extremo incômodo com ARTISTAS  termo que divide espaço de destaque com LULA e MARINA — após um governo Bolsonaro marcado por mobilizações contra o governo federal neste tema. Assim, a abordagem adotada pelo bolsonarismo (com a retórica de “faz o L” e “o amor venceu”) reforça o isolamento do tema ao próprio agrupamento, e termos como CONSERVADOR, BOLSONARO, PATRIOTA, CRISTÃO estão entre os mais registrados na bios dos usuários.

 

O tema ambiental, conforme observado em outros recortes temporais, apresenta fortes limitações no seu alcance. Isso decorre de um menor interesse e engajamento com o tema para clusters para além da polarização que, via de regra, são impactados e se engajam por meio de laços fracos e a partir de ações atrelados à influenciadores.

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