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O casal estava animado naquele 29 de julho de 2023. “Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro para tomar um caldo de cana e comer um pastel com dona Michelle”, disse Jair Bolsonaro, ao lado da esposa, enquanto comemoravam a enxurrada de depósitos recebida de brasileiros que o apoiam.

Passados poucos meses, a Polícia Federal está investigando o que aconteceu com os R$ 17,2 milhões doados por Pix ao ex-presidente no primeiro semestre do ano passado — e, ao que tudo indica, o dinheiro não foi usado para comprar pastel.

A campanha de arrecadação foi lançada por aliados após a Justiça determinar bloqueio de R$ 87 mil nas contas do ex-presidente pelo não pagamento de multas aplicadas contra ele em São Paulo durante a pandemia.

Ao todo, Bolsonaro devia R$ 936.839,70 em cinco processos. Mesmo com R$ 17,2 milhões nas contas, que ele recebeu de seus apoiadores entre 1º de janeiro e 4 de julho de 2023 em mais de 700 mil transações, as multas jamais foram pagas.

Segundo uma reportagem do jornal O Globo, Bolsonaro, em vez de quitar seus débitos, parece ter usado a soma milionária para investir em títulos de Certificado de Depósito Bancário (CDB) e Recibo de Depósito Bancário (RDB), duas das principais modalidades de investimentos de renda fixa no Brasil.

As multas acabaram sendo anuladas em um projeto de Lei proposto pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aprovado pela Alesp. A própria Procuradoria-Geral do Estado (PGE) usou a lei sancionada pelo ex-ministro, que participou de atos ao lado de Bolsonaro sem a máscara, para anistiar as multas.

O governador abriu mão de R$ 73 milhões em multas aplicadas a negacionistas que infringiram as leis durante a pandemia para perdoar a dívida do seu ex-patrão.

Segundo reportagem do jornalista Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles, parte da arrecadação milionária desapareceu misteriosamente e não foi encontrada nas contas de Bolsonaro pela PF.

O dinheiro teria sido transferido para contas dos advogados do ex-presidente, mas isso também causa estranheza por um fato: os advogados estão sendo pagos pelo partido de Bolsonaro, o PL.

O governo de São Paulo alegou que as multas foram anuladas porque tinham caráter educativo, e não arrecadatório.

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