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Braga Netto recebeu lobistas para negociar compra de coletes sem licitação, diz jornal

"Ele (Braga Netto) disse que iria dar uma ‘força’ junto ao senhor para atender ao que pleiteamos”, diz a mensagem de lobista, em poder da Polícia Federal
13/09/2023 | 09h24

Mensagens em aplicativos de celular conseguidas pelo serviço de imigração dos Estados Unidos e compartilhadas com a Polícia Federal revelam que o general Walter Braga Netto recebeu lobistas e teria prometido ‘dar uma força’ para viabilizar contratações superfaturadas e sem licitação. As suspeitas de desvios recaem sobre contratos fechados durante a intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro, em 2018. A informação foi publicada pelo jornalista Fausto Macedo, no jornal O Estado de S. Paulo.

O general teve os sigilos telefônico e telemático quebrados investigação da Polícia Federal, deflagrada ontem. Foram feitas buscas em 16 endereços. Braga Netto não foi alvo de buscas, mas aparece como investigado.

As conversas aparecem no aplicativo do celular do empresário brasileiro Gláucio Octaviano Guerra no aeroporto de Dulles, na Virgínia. Guerra mora nos Estados Unidos e passou a ser investigado por autoridades americanas por suspeita de apoio logístico ao grupo criminoso envolvido no assassinato do ex-presidente do Haiti, Jovenel Moïse, em julho de 2021.

Ele é sócio da empresa CTU Security LLC, especializada em equipamentos de segurança, contratada pelo Gabinete da Intervenção para fornecer 9. 360 coletes balísticos. O contrato foi suspenso após o Tribunal de Contas da União (TCU) constatar irregularidades nos documentos fornecidos pela empresa. O TCU também revelou indícios de conluio e superfaturamento na ordem de R$ 4,6 milhões.

Os diálogos do empresário revelados na matéria do Estadão indicam que o general da reserva do Exército Paulo Roberto Correa Assis e o coronel Robson Queiroz Mota, ex-assessor da então secretaria de intervenção federal, teriam sido contratados para fazer lobby junto ao Gabinete da Intervenção em favor da CTU Security. Eles são investigados na Operação Perfídia.

Investigadores tiveram acesso a um e-mail enviado pelo general Paulo Assis ao encarregado do parecer do contrato dos coletes. “Estive em um almoço na sexta passada com o Gen Braga Netto e comentei sobre a liberação dos coletes de proteção balística para a Polícia do RJ, em estudo nessa Casa Civil da PR (Presidência da República). Ele disse que iria dar uma ‘força’ junto ao senhor para atender ao que pleiteamos”, diz a mensagem.

O print do e-mail foi repassado por Guerra ao irmão. Ele envia áudio em que afirma que o ‘zero dois do Exército Brasileiro, que foi o interventor federal, está do nosso lado’. Era uma referência a Braga Netto.

 

 

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