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Brasil começa a sentir reflexos do novo lockdown na China

Com congestionamento de contêineres no porto chinês e falta de semicondutores, é esperado impacto em artefatos de borracha, eletrodomésticos, produtos eletroeletrônicos e têxteis no mercado brasileiro.
28/04/2022 | 18h30

Aumentam as preocupações com o novo lockdown na China em função dos produtos manufaturados importados pelo Brasil, como os semicondutores, que já sofrem escassez de oferta desde meados de 2020, devido à dificuldade de produção com a pandemia. Além disso, a expectativa é de que a paralisação da produção na China causará inflação mundial diante da quebra da cadeia global de fornecimento.

A falta do dispositivo eletrônico, essencial em vários setores, foi tão aguda no final do ano passado que fez a indústria automotiva interromper a produção – e o mesmo problema pode ocorrer novamente.

No Brasil, atualmente, a indústria automotiva tem estoque para três meses. Ao mesmo tempo, há semicondutores que estão no porto chinês aguardando embarque e vão levar de seis a nove semanas para chegar aqui.

Segundo o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), em Campinas, o reflexo nas empresas do Brasil, com a falta do semicondutor, desta vez, não afetaria apenas a indústria automobilística, como foi na primeira vez, mas também setores como farmacêutico, agronegócio e fabricante de eletroeletrônicos.

Adicionalmente, o conflito entre Rússia e Ucrânia irradia outros problemas para a economia mundial. De acordo com a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), a Rússia e Ucrânia são dois grandes produtores de insumos para chips semicondutores.  No atual cenário, 31% das empresas já mostram preocupação com o possível impacto na produção mundial de componentes eletrônicos com o conflito. Na sondagem anterior, apenas 6% da indústria tinha essa preocupação.

O lockdown e paralisação em cidades chinesas ainda prejudicam o comércio exterior como um todo no Brasil. Se a empresa for comprar uma máquina na Itália, essa máquina provavelmente não vai chegar por conta da falta do semicondutor.

Filas de caminhões nos portos e congestionamento de contêineres

Como cidades portuárias estão em lockdown, caminhões do interior não conseguem acessar os portos, além dos motoristas precisarem ser testados contra o coronavírus durante a viagem. Há um congestionamento de contêineres nos portos. Os navios estão esperando esses contêineres e os que estão nos portos não conseguem descarregar.

Há um aumento geral nos custos das cargas dos contêineres, uma vez que não tem a disponibilidade de reposição, porque eles ficam retidos e não podem retornar. Isso aumenta o preço do frete. A retenção aumentou em 50% o valor das embalagens, de acordo com o Ciesp Campinas.

Xangai é o maior porto do mundo, inclusive na movimentação de contêineres, e é um hub global de navios. No entanto, é uma das cidades chinesas a onde o lockdown foi implantado com maior rigor.

Já o porto de Shenzhen, também um dos maiores do mundo, localizado na região de mesmo nome, é o hub de semicondutores (tech hub) e tem sofrido com o lockdown.
 
São mais de 20 importantes cidades e 200 milhões de habitantes em lockdown ou parcialmente isolados. O governo tenta ainda controlar a pandemia, com política de tolerância zero, com a população ainda a ser vacina e novas cepas surgindo.

Crise vai além da falta de semicondutores

No caso do Brasil, além dos semicondutores, é esperado impacto em artefatos de borracha, eletrodomésticos, produtos eletroeletrônicos e têxteis, entre outros itens.
 
Algumas instituições financeiras mantêm a previsão de que o crescimento do PIB chinês, em 2022, caiu da média de 5% para a média de 4% por conta do último isolamento social determinado no país.
 
A expectativa é de que as commodities do agronegócio brasileiro exportadas para a China sofram impacto menor. Há um esforço grande do governo chinês em evitar inflação de alimentos, o que favorece as commodities agrícolas.
 
Tanto China como Estados Unidos são importantes para se definir o câmbio no Brasil. No caso chinês, está relacionado ao crescimento econômico; no caso americano, dos juros.

A guerra Rússia-Ucrânia e a turbulência política numa eleição disputada são outros dois fatores de pressão no câmbio e devem elevar o preço do dólar acima de R$ 5,00 depois de alguns meses flutuando na casa dos R$ 4,00.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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