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Brasil lança primeira bolsa de crédito de carbono do mundo

Os certificados de crédito de carbono são emitidos para a empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa, como um ativo financeiro, por meio da tecnologia blockchain
18/08/2023 | 19h26

A primeira bolsa de crédito de carbono do mundo, a B4, para a negociação dos créditos dos certificados emitidos a partir da redução de emissão de gases do efeito estufa, foi lançada na quarta-feira, 16, em São Paulo. A reportagem publicada pelo jornal O Estado de S Paulo informa que, em um primeiro momento, a B4 não será regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pois só negociará os chamados utility token (tokens de utilidade, em livre tradução), que dão acesso a algum serviço ou benefício. No entanto, a empresa afirma que, quando comercializar security tokens, que são títulos que representam um ativo real, como as ações, por exemplo, reguladas pela CVM, vai pedir as devidas autorizações. A expectativa é que isso aconteça até dezembro, caso alguma das empresas queira listar esse tipo de ativo.

Os certificados são emitidos para a empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa, como um ativo financeiro, por meio da tecnologia blockchain, cadeia de dados que permite o compartilhamento de bens e informações em uma base segura e imutável.

Os títulos do crédito de carbono são chamados de CBios (créditos de descarbonização). Cada CBio equivale à emissão de uma tonelada de carbono na atmosfera. É esse volume que se deixa de emitir de CO2 a cada título negociado. Especialistas afirmam que impor um teto de gases de efeito estufa para determinados setores deveria ser um dos pontos centrais num mercado de carbono regulado, incluindo aí a concessão de licenças.

O objetivo é que a bolsa B4 atue como um facilitador para as empresas que querem compensar a quantidade de carbono emitida em suas operações e impulsionar a transição energética através de uma economia com foco em regeneração dos recursos naturais. “Ela não vai ser uma alternativa a B3. Ela vai listar ativos tokenizados (dispositivo que funciona como uma chave eletrônica) e projetos voltados à sustentabilidade”, afirma o fundador da B4, Odair Rodrigues. Kaue Vinícius, especialista em negociação e atuante na Ásia há 19 anos, e Mozart Fernandes, especialista em marketing, também são sócios da empresa, informa a reportagem do jornal o Estado de S Paulo.

Empresa preenche o cadastro na plataforma, transfere o dinheiro para a conta e compra o crédito de carbono

Ao contrário da B3, em que é preciso negociar a compra e a venda de ativos por meio de uma corretora de valores, a empresa poderá se cadastrar na plataforma, preencher informações similares às solicitadas pelo banco e criar uma conta. Depois, pode comprar os créditos de carbono após transferir a quantia para a conta.

Para compensar a pegada de carbono efetivamente, basta trocar os tokens (dispositivo eletrônico que funciona como uma chave eletrônica) por um “certificado” através de uma NFT (ativos digitais que ficam armazenados na blockchain) emitida pela própria B4 que irá garantir que a compensação está sendo feita.

Segundo uma prospecção interna feita pela companhia, a expectativa é movimentar R$ 12 bilhões em crédito de carbono no primeiro ano após o lançamento da plataforma. Eles, no entanto, destacam que, com base nas empresas pedindo para serem listadas e nas que querem comprar, a demanda é dez vezes superior a esse valor, considerando as grandes empresas que já demonstraram interesse pelo projeto. Os nomes das empresas só vão ser anunciados após o lançamento.

A B4 adiantou que indústrias grandes de países como Estados Unidos, Canadá, Japão, França e Arábia Saudita já demonstraram interesse em comprar e comercializar os créditos da B4. No Brasil, empresas de varejo que vendem o crédito dentro dos seus aplicativos, como iFood e Uber, teriam demonstrado interesse.

Como objetivo final, a B4 tem a intenção de se tornar uma bolsa de ação climática. Neste primeiro momento, no entanto, a plataforma irá comercializar apenas créditos de carbono.



Redação ICL Economia
Com informações do jornal O Estado de S Paulo

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