O senador alagoano Renan Calheiros (MDB) criticou o deputado federal Arthur Lira (PP), seu conterrâneo, na rede social X. Calheiros postou uma foto em que Lira cumprimenta o bicheiro Anísio Abraão Davi, presidente de honra da Beija-Flor, no desfile da escola de samba, domingo de carnaval, no Rio de Janeiro. Ele escreveu:
“As vítimas da Braskem estão abandonadas, mas os foliões que coreografaram acordos ilegais deliram na avenida, inebriados pelo dinheiro público. Preço tem: R$ 8 milhões da prefeitura de Maceió torrados no Rio. É desumano e cruel. Merece nota zero em todos os quesitos.”
Lira atravessou a Marquês de Sapucaí com a roupa da diretoria, à frente da agremiação, abrindo o desfile ao lado do bicheiro da Beija-Flor, do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), e de outros aliados políticos. Caldas e Lira atuaram para viabilizar o patrocínio da prefeitura ao carnaval da Beija-Flor. Parte do repasse milionário foi feita com emendas parlamentares, segundo a prefeitura de Maceió.
Lira cumprimenta o bicheiro e presidente de honra da Beija Flor, Anísio Abraão Davi
O patrocínio representou mais de 60% do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura de Maceió naquele ano. O prefeito da cidade precisou criar uma manobra jurídica em tempo recorde para fazer a transferência. A Lei Municipal 7.370/2023 foi sancionada por Caldas no dia 8 de maio de 2023, apenas quatro dias antes da assinatura do “termo de fomento” com a Beija-Flor. O Tribuna Hoje observou que alguns artigos da nova lei foram descumpridos, entre eles o limite de R$ 1 milhão para investimento em grandes eventos — esse valor só poderia ser extrapolado em caso de “relevante interesse público”.
Não é de hoje que Calheiros e Lira travam um duelo por poder em Alagoas, reduto político dos dois, e também em Brasília. Se Lira conseguiu ajudar a eleger um aliado à prefeitura, no governo do estado quem se deu melhor nas últimas eleições foi Calheiros, com a vitória de Paulo Dantas (MDB).
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