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Xico Sá

Escritor e jornalista, faz parte da equipe de apresentadores do ICL Notícias. Com passagem por diversas redações e emissoras de tv, ganhou os prêmios Esso, Folha, Abril e Comunique-se. Participou de programas como Notícias MTV, Cartão Verde (Cultura), Redação Sportv, Papo de Segunda (GNT) e Amor & Sexo (Globo). É autor de Big Jato (Companhia das Letras) e A Falta (Planeta), entre outros livros. O colunista nasceu no Crato, na região do Cariri cearense, e iniciou sua trajetória profissional no Recife.

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Calote no cachê de Nando Reis vira campanha contra prisão de Bolsonaro

Em show em Maceió, o cantor diz que o Brasil só tem jeito quando o ex-presidente for preso; extrema-direita reage enfurecida
24/01/2024 | 23h20

A extrema-direita de Alagoas, exaltada por Jair Bolsonaro como uma das mais cascudas do país, pressiona o prefeito de Maceió, JHC (fã declarado do ex-presidente), para que o município não pague o cachê do show que Nando Reis deu no domingo (21) na capital alagoana.

Na apresentação durante o Festival Verão Massayó, bancado pela prefeitura, o artista disse que “o Brasil só vai ter jeito na hora da prisão de Bolsonaro”. A multidão vibrou. Até a intérprete de libras alcançou o seu melhor momento na performance.

O cantor fez o seu manifesto no compasso da música “Do seu lado”. Os versos sintonizam com o ritmo da Justiça brasileira: “Mas tudo que acontece na vida/ Tem um momento e um destino”.

O coro dos descontentes da extrema-direita foi puxado pelo vereador Leonardo Dias, do mesmo PL do prefeito bolsonarista da capital:

“Diante do lamentável episódio ocorrido em Maceió, solicitei ao prefeito JHC a suspensão do pagamento do cachê a Nando Reis, até que seja apurada se houve quebra contratual em relação à manifestação política contra o ex-presidente”, escreveu o político nas suas redes sociais.

A causa teve eco em todos os segmentos do bolsonarismo nacional. A liberdade de expressão, palavra de ordem da turma, foi para o espaço. Na boca de Nando Reis — ou nas mãos habilidosas da intérprete de libras — não pode.

O artista verbalizou no festival de Maceió uma cobrança que pipoca no Brasil inteiro. Mais de um ano da tentativa de golpe (8/1) e mil e uma noites depois das joias das arábias, o ex-presidente sequer foi indiciado nos inquéritos que investigam o balaio dos seus crimes.

“Mas tudo que acontece na vida/ Tem um momento e um destino”. Voltamos a fita da letra de Nando Reis.

Nos bastidores da Justiça em Brasília, dizem que há um cálculo político sobre a prisão de Bolsonaro. Leva-se em conta o efeito Donald Trump — o ex-presidente dos EUA foi reabilitando seu poder eleitoral conforme “tocava piano” na papelada dos processos.

A “peregrinação” como réu em quatro casos, com fotos dramáticas estampadas por repartições jurídicas em vários estados norte-americanos, teria fortalecido o ex-presidente.

Trump explorou bem o marketing do herói injustiçado e perseguido. Há risco de que essa farsa se repita no Brasil, em um ano de eleições municipais?

Pode acontecer, mas não justificaria o STF, por exemplo, deixar de cumprir o seu papel por causa de um cálculo político. A capivara de Bolsonaro é comprida — de irresponsabilidade na pandemia da Covid-19 ao golpismo de 7 de Setembro e 8 de janeiro.

Outro fator que o diferencia bastante do Trump é que o fascista tropical já foi julgado inelegível por oito anos.

“Mas tudo que acontece na vida/ Tem um momento e um destino”, canta Nando Reis. Será que a extrema-direita vai tirar o seu cachê (valor não divulgado) e fazer disso a primeira grande bandeira na campanha contra a prisão óbvia de Bolsonaro?

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