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Por Igor Mello

O esquema dos cargos secretos na Fundação Ceperj e na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), que pode levar à cassação do governador Cláudio Castro (PL-RJ) nesta quinta-feira (23), custou R$ 1,3 bilhão aos cofres públicos fluminenses, mostra levantamento feito pela coluna em páginas de transparência do governo e da universidade, além de documentos do TCE-RJ e do MP-RJ.

O TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) retoma nesta quinta-feira, às 15h30, a análise de duas ações contra o governador e a cúpula política do estado, após um pedido de vista interromper o julgamento na última sexta (17). No tribunal a expectativa é que uma decisão seja tomada hoje. Nos bastidores, um novo pedido de vista é considerado improvável.

O relator do processo, desembargador Peterson Barroso Simão, votou pela condenação de Castro, de seu vice Thiago Pampolha (MDB-RJ) e do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil-RJ), por abuso de poder político e econômico, com a cassação dos mandatos. Ele também quer deixar Castro e Bacellar inelegíveis por 8 anos.

No seu voto de mais de 2 horas e meia, o relator afirmou que Cláudio Castro foi o “mandante” do esquema, enquanto Bacellar foi o “gênio do mal” que o elaborou.

Nos dois órgãos houve a contratação generalizada de cabos eleitorais de aliados de Castro e de funcionários fantasmas com pagamentos mensais de até R$ 30 mil. Nos dois casos houve ainda denúncias de rachadinha (apropriação de parte do salário de assessores).

Os funcionários e bolsistas eram contratados sem qualquer transparência, em cargos secretos, e recebiam na boca do caixa, sem contratos assinados com o poder público ou comprovação de que de fato trabalharam.

45 mil foram contratados em cargos secretos

O esquema dos cargos secretos foi revelado pelos jornalistas Igor Mello e Ruben Berta no portal UOL, em 2022. Foram contratadas mais de 27 mil pessoas na Fundação Ceperj e outras 18 mil na Uerj, totalizando 45 mil pessoas pagas com dinheiro público sem qualquer transparência ou controle.

O esquema que ganhou mais notoriedade, os cargos secretos da Fundação Ceperj, movimentaram R$ 502,7 milhões em um período de cerca de 1 ano — entre o segundo semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2022.

Uma investigação do MP-RJ constatou que os contratados da Fundação Ceperj sacaram cerca de R$ 250 milhões em dinheiro vivo entre setembro de 2021 e julho de 2022.

No caso da Uerj, os montantes são ainda maiores: as folhas secretas custaram R$ 798,9 milhões em cerca de 1 ano e meio — de julho de 2021 a dezembro de 2022. Era na universidade que os projetos pagavam valores mais altos, que passavam de R$ 30 mil mensais em alguns casos.

 

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