ouça este conteúdo
|
readme
|
Por Giulia Peruzzo
(Folhapress) — Sinônimos de curtição, os cinco dias de Carnaval oferecem uma programação extensa de blocos e festas para todos os gostos. Quem opta por frequentar os blocos de rua pode passar horas — ou até o dia inteiro — fora de casa, gastando muita energia dançando e, na maioria das vezes, consumindo bebidas alcoólicas. Nessa situação, é importante saber o que fazer para minimizar os impactos da festa no corpo e preservar a saúde.

O Galo da Madrugada, símbolo do Carnaval de Recife, sendo levantado na manhã da quinta-feira (Foto: @Galo da Madrugada)
Como aproveitar o Carnaval sem ficar doente
- Coma bem antes, durante e depois da folia
A animação de pular junto com o trio elétrico ou passar o dia inteiro se movimentando exige um gasto de energia ao qual muitos não estão acostumados no dia a dia. Por isso, é fundamental manter uma alimentação reforçada e equilibrada.
Thiago Onofre, professor associado da Escola de Nutrição da Ufba (Universidade Federal da Bahia), destaca a importância da ingestão de carboidratos nesse contexto.
“Estou falando de frutas, pães, massas, arroz. É bom se preocupar em consumir carboidratos a cada três, quatro horas”, explica. Ele ressalta que este não é o momento ideal para seguir dietas restritivas ou focadas apenas no consumo de proteínas. “Essa seria a forma mais certa de abalar o sistema imunológico e ficar doente”, completa.
O endocrinologista e metabologista Júlio Batatinha, da USP (Universidade de São Paulo), afirma que manter a rotina alimentar habitual é uma boa estratégia. “Entre blocos, tente programar uma refeição em que você possa se sentar e se alimentar adequadamente, seja um almoço ou um jantar, para não passar o dia inteiro sem uma alimentação apropriada.”
Ele também recomenda tomar um café da manhã reforçado antes de sair de casa, equilibrando carboidratos, proteínas, frutas e fibras, para garantir energia ao longo do dia. “Durante a folia, é interessante levar na bolsa barras de proteína com maior teor de carboidratos, sachês de mel e, para quem está acostumado, até géis de carboidrato, que podem ser consumidos a cada três horas.”
Thiago sugere ainda frutas secas, doce de banana, granola e barras de cereais. No entanto, os especialistas alertam que alimentos ultraprocessados e gordurosos devem ser evitados. “A gordura lentifica o processo de digestão e faz com que o fluxo sanguíneo fique dividido entre a digestão e o envio de energia para os músculos, o que pode causar mal-estar”, explica o professor.

A previsão para os dias de Carnaval é de muito calor em todo o Brasil (Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil)
- Hidrate-se, hidrate-se e hidrate-se
Como o Carnaval acontece no auge do verão brasileiro, manter-se hidratado é essencial, especialmente considerando o alto consumo de bebidas alcoólicas, comum na folia.
“A cerveja e outras bebidas alcoólicas, de maneira geral, contribuem para a desidratação”, comenta Thiago. Isso não significa que o consumo de álcool esteja proibido, mas é necessário intercalá-lo com a ingestão de água, água de coco, sucos e até refrigerantes com açúcar.
Os especialistas apontam que sucos e refrigerantes podem ser úteis nesse contexto devido à presença de açúcares e carboidratos, ajudando a evitar quadros de hipoglicemia e mal-estar, já que o esforço físico dos blocos gera um alto gasto calórico.
No geral, o ideal é manter um consumo elevado de água. Júlio recomenda uma ingestão de aproximadamente 35 ml por quilo de peso corporal. “Para uma pessoa de 70 kg, por exemplo, a recomendação seria de 2,5 e 3 litros de água por dia.” Ele explica que esse cálculo é otimizado para quem pratica atividades físicas, mas, como o Carnaval exige grande esforço do corpo, a orientação se aplica a todos.
Uma dica para avaliar a hidratação é observar a cor da urina. “Se estiver muito escura, é sinal de desidratação. Outra indicação básica é prestar atenção na sensação de sede”, explica o endocrinologista.

Excesso de álcool pode causar desidratação e mal-estar (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
- Cuidado com excesso de bebida alcoólica
Júlio esclarece que o mito de que misturar diferentes tipos de álcool faz mal está relacionado à quantidade ingerida. “O problema não é a mistura em si, mas o fato de que, ao variar as bebidas, muitas pessoas acabam consumindo uma quantidade muito maior de álcool, o que aumenta as chances de mal-estar.”
Ele explica que o consumo excessivo de álcool pode dificultar o processamento de carboidratos no organismo, favorecendo quadros de hipoglicemia. “Além disso, se o estômago estiver vazio, o álcool será absorvido mais rapidamente, o que pode resultar em uma ressaca mais intensa no dia seguinte.”
Por isso, é fundamental não passar mais de três horas bebendo sem ingerir algum alimento, de preferência rico em carboidratos. Thiago também alerta que os efeitos da bebida podem ser retardados. “Se você está bebendo e não sentindo nada, pode acabar ingerindo mais do que deveria para aumentar o prazer. O ideal é consumir com moderação.”
Relacionados
Estudo aponta que uso do celular pode aumentar o risco de miopia
Trabalho recente revelou que o uso diário de telas pode elevar em 21% o risco de desenvolver miopia
Frutas cítricas podem ajudar no combate à depressão, aponta estudo
Um artigo sobre as descobertas foi publicado na revista Microbiome
Inscrições para conferência de saúde do trabalhador 2025 terminam nesta sexta (14)
Podem participar livremente usuários do SUS, trabalhadores, gestores e prestadores de serviços na área da saúde