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Mercado de carro popular entra na agenda do governo para evitar demissões no setor

Tema de um novo carro popular foi levado ao Ministério do Desenvolvimento (Mdic) no mês passado pela Fenabrave, a associação dos revendedores de veículos
10/05/2023 | 13h29

Em um momento de queda nas vendas de carros, fábricas suspendendo a produção e sindicatos de trabalhadores temendo demissões, inclusive por conta dos juros altos, o mercado de carro popular entrou na agenda do governo. Na semana passada, em discurso em Brasília, Lula criticou o preço dos automóveis no País. O tema de um novo carro popular foi levado ao Ministério do Desenvolvimento (Mdic) no mês passado pela Fenabrave, a associação dos revendedores de veículos. Nesse momento, a pasta não quer comentar o assunto, segundo reportagem do jornal O Estado de SP.

A Fenabrave, entidade que também está abastecendo o governo com informações de seu banco de dados, explica que a oferta de carros mais baratos ajudaria o setor a ter escala para produzir mais, sem reduzir a rentabilidade, o que evitaria demissões.

Fontes do mercado falam que o governo trabalha com preços na casa dos R$ 45 mil a R$ 50 mil para um carro pequeno, simples e sem alguns itens tecnológicos. Hoje, os dois modelos mais baratos à venda no País são o Fiat Mobi e o Renault Kwid, ambos por R$ 69 mil.

Lula reduziu impostos para carros no segundo mandado, de 2007 a 2010. Naquela época, com inflação e juros favoráveis, muitos brasileiros tiveram acesso ao primeiro carro zero pagando prestações ao longo de seis anos.

A volta do tema ganhou corpo no início de abril, quando a Fenabrave, e algumas montadoras passaram a defender a necessidade de oferta de carros mais baratos para tentar recuperar o mercado.

Nove fábricas pararam a produção e dispensaram trabalhadores em abril. A oferta de carro popular, mais barato, poderia mudar o cenário 

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Crédito: Divulgação Volkswagen

O debate ocorre em um período em que as vendas estão pouco acima daquelas registradas nos primeiros quatro meses de 2022, quando o setor passava por uma das suas piores crises por falta de semicondutores. Pátios de fábricas e revendas têm estoques para quase 40 dias de vendas e, só no em abril, nove fábricas pararam a produção e dispensaram trabalhadores, algumas por até um mês.

Para a reportagem do jornal O Estado de S Paulo, presidente da associação das montadoras Anfavea, Mário de Lima Leite, disse na terça-feira (9) que o tema não está sendo conduzido pela entidade, pois a discussão está muito voltada ao preço desse carro – tema que cabe a cada uma das associadas e à Fenabrave. Afirmou, porém, “que tudo que for para aquecer o mercado e que tenha como foco a questão ambiental e de segurança é bem vindo”.

Na opinião de Mário de Lima Leite, a discussão está em fase de coleta de dados e o governo solicitou à Anfavea no fim de semana, mais dados que foram entregues. Leite disse também que há outras medidas em debate que poderiam afetar o mercado como um todo, e não apenas o de veículos de entrada, como o uso de parte do FGTS para a compra do carro novo. Ponderou ainda que “o crescimento do mercado não vai acontecer se não houver uma redução da taxa de juros”.

O retorno do popular não é consenso entre as associadas da Anfavea. Alguns defendem a criação de condições mais favoráveis de crédito para o consumidor ter condições de comprar carros de entrada já disponíveis. Já o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC defende, em documento entregue ao presidente Lula na semana passada, estímulo ao lançamento imediato de modelos populares, com patamares reduzidos de preços e linhas de crédito de 60 a 72 meses desenhadas com esse foco.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do jornal O Estado de S Paulo

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