Um grupo de delegados e policiais federais cedido para a Agência Brasileira de Inteligência e que atuava com o deputado federal Alexandre Ramagem (PL–RJ), quando ele era diretor-geral da Abin, está respondendo a sindicâncias na CGU (Controladoria-Geral da União) por possível abandono de trabalho devido a uma atuação totalmente desconhecida da instituição em vários meses de 2022.
Entre os alvos de sindicância estão o policial federal Felipe Arlotta e o delegado federal Marcelo Bormevet. Os dois foram afastados de suas funções na PF por decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, na Operação Vigilância Aproximada, junto com outros cinco policiais federais. Procurados, não deram retorno até a publicação.
A coluna apurou que, após a saída de Ramagem da direção da Abin para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, em março de 2022, os antigos “homens de confiança” dele passaram a não trabalhar mais na Abin, e a agência não possui registros da atuação desses policiais ao longo de meses no ano em que se disputou a eleição presidencial.
Segundo fontes próximas ao caso, as sindicâncias estão adiantadas e eles correm risco de demissão. Arlotta ficou conhecido por sua proximidade com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos–RJ). Ele passou o réveillon de 2018 com o filho “02”do ex-presidente Jair Bolsonaro e Ramagem, em Brasília. Bormevet fazia defesa explícita do ex-presidente em redes sociais.
A coluna também conversou com agentes da Abin que relataram saberem que Arlotta supervisionou algumas das operações secretas em comunidades no Rio de Janeiro. Segundo agentes da Abin, que falaram em condição de anonimato, foram produzidas imagens nestas ações com uso de drones. A atuação foi vista com ressalva por agentes da Abin uma vez que a agência atua em inteligência de estado e segurança nacional. Já o trabalho de segurança pública não seria uma atribuição da Abin.
Durante a busca e apreensão em endereços de Ramagem, no dia 25 de janeiro, a PF encontrou um computador e um celular da Abin em posse de Ramagem, além de documentos que apontam para a execução e planejamento de operações em comunidades do Rio.
Os documentos, porém, estavam sem timbre ou identificação e agora os investigadores tentam saber se esses relatórios foram produzidos dentro da Abin. Um deles se chamava “Plano de Operações 06/2021” e a descoberta dele foi revelada pela jornalista Natália Portinari, no UOL.
Deixe um comentário