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Por Brasil de Fato

Há pouco menos de uma década, a China pôs em prática um projeto ambicioso para revolucionar suas cidades. A ideia era proteger suas populações dos riscos trazidos por enchentes, que se tornariam cada vez maiores devido às mudanças climáticas.

Em 2015, os ministérios das Finanças, da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural, e o dos Recursos Hídricos da China, identificaram 16 cidades onde implementar projetos-piloto de cidades-esponja. Nelas, o controle do escoamento das águas da chuva é bem maior, aumentando a capacidade de absorver, reter e liberar as águas da chuva quando necessário.

Isso ocorre por meio de medidas que vão desde a construção de estradas e calçadas com materiais permeáveis, a telhados verdes e zonas de amortecimento (ou tampão) de vegetação. O concreto permeável pode reduzir o escoamento da água da chuva pela superfície, que ainda pode ser armazenada em reservatórios subterrâneos para ser descarregada em rios ou purificadas.

Os telhados verdes reduzem e purificam as águas da chuva. A água da chuva também pode ser coletada através de dutos. Já os jardins de chuva são áreas que, por serem rebaixadas e pela composição do solo e da vegetação, conseguem ter uma maior capacidade de retenção das águas pluviais.

Estudo publicado na revista científica Elsevier analisou projetos de cidades-esponja em diferentes cidades chinesas como Shanghai, Zhoushan, Suzhou Xi’an. A pesquisa indicou que os jardins de chuva melhoram o escoamento em cercar de 70%.

67% da China tem áreas propensas a inundações

O Banco Mundial calculou em 2021 que 67% da população chinesa vivia em áreas propensas a inundações de 640 cidades. O país determinou que até 2030, 80% das áreas urbanas sejam do tipo “esponja”, absorvendo e reutilizando 70% das águas das chuvas torrenciais.

As trinta cidades escolhidas para implementar projetos desse tipo vão receber subsídios anuais de 400 milhões a 600 milhões de yuans (de R$ 282 milhões a 420 milhões).

No relatório de trabalho do governo apresentado pelo premiê Li Keqiang à Assembleia Nacional Popular em 2017, foi incluída a ideia como prioridade. O relatório propôs “iniciar a construção de mais de 2.000 quilômetros de corredores de tubulações subterrâneas urbanas, iniciar uma ação de três anos para eliminar as principais seções propensas a inundações em áreas urbanas e promover a construção de cidades-esponja”, observou o primeiro-ministro Li Keqiang no relatório.

O arquiteto e paisagista Yu Kongjian, professor na Universidade de Pequim e uma das principais referências no assunto, disse ao Diário do Povo que a ideia é que os sistemas de drenagem projetados e os ecossistemas naturais se complementem.

“Propomos construir um conjunto de infraestruturas verdes e utilizar sistemas-esponja naturais para resolver problemas que não podem ser resolvidos pela engenharia de redes de canos. Esta solução baseada na natureza é um pensamento sistêmico multiobjetivo, do qual a solução dos problemas hídricos é apenas um aspecto”.

 

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