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Chip da beleza vira moda e preocupa entidades médicas; entenda o que é

Implantes contêm anabolizantes e são prescritos para emagrecimento e menopausa, entre outras indicações
24/12/2023 | 05h00

Sabrina Craide — Agência Brasil

O crescente uso de implantes hormonais, frequentemente contendo esteróides anabolizantes, tem sido motivo de preocupação de endocrinologistas, ginecologistas e especialistas em obesidade. Tanto que na última sexta-feira (22), sete entidades médicas enviaram para o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, um pedido público de providências quanto ao uso indiscriminado de implantes hormonais no Brasil.

Chamados de chip da beleza, os implantes hormonais são prescritos como estratégia para emagrecimento e tratamento da menopausa. Outra indicação é para combater o envelhecimento, a redução da gordura corporal e aumento da libido e da massa muscular.

Segundo as entidades médicas, os chips podem conter inúmeras substâncias, embora normalmente sejam compostos por testosterona ou por gestrinona, um progestágeno com efeito androgênico. Combinações contendo estradiol, oxandrolona, metformina, ocitocina, outros hormônios e NADH também são produzidas.

Não aprovados pela Anvisa para uso comercial e produção industrial, os implantes hormonais são manipulados, não possuem bula ou informações adequadas de farmacocinética, eficácia ou segurança. A exceção é o implante de etonogestrel, chamado de Implanon, que é aprovado como anticoncepcional.

INFARTO E AVC 

Os médicos alertam que não existe dose segura para o uso de hormônios para fins estéticos ou de performance e os efeitos colaterais dos dispositivos podem ser imprevisíveis e graves, com os riscos ultrapassando qualquer possível benefício.

“Casos de infarto agudo do miocárdio, de tromboembolismo e de acidente vascular cerebral vêm se tornando frequentes. Complicações cutâneas, hepáticas, renais, musculares e infecções estão associadas ao uso dos implantes. Manifestações psicológicas e psiquiátricas, como ansiedade, agressividade, dependência, abstinência e depressão são cada vez mais comuns”, informaram, em carta, as entidades.

No texto, as entidades pedem que a Anvisa aprimore o controle do uso de esteroides anabolizantes e regulamente a manipulação de medicamentos somente pela via de administração na qual o medicamento foi registrado.

“Uma via diferente necessita de dados científicos publicados de eficácia, segurança e desfechos a longo prazo”, dizia o comunicado.

As entidades que assinam o pedido são a Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

A Anvisa, contudo, ainda não se manifestou sobre o pedido das entidades.

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