Por Igor Mello
Preso sob a acusação de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), o deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido–RJ) foi um dos integrantes da Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Câmara dos Deputados, colegiado que discute projetos sobre temas de interesse das milícias, como habitação e regularização fundiária. Chiquinho e seu irmão, Domingos Brazão, foram presos sob acusação de terem sido os mandantes da execução de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.
Segundo as investigações da Polícia Federal, a atuação de Marielle sobre a regularização de comunidades na zona oeste do Rio — área de atuação da família Brazão — foi o estopim para que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão decidissem matá-la.
Marielle teria feito oposição a um projeto de lei que facilitava a legalização de loteamentos feitos por milicianos e orientou moradores da região a não ocuparem esse tipo de área. A PF apurou que os irmãos Brazão tinham vínculos com milícias da região de Jacarepaguá e interesses milionários na grilagem de terras e construção de loteamentos clandestinos.
Na CDU da Câmara, Chiquinho relatou projetos de interesse de milicianos. Foi, por exemplo, o relato de uma proposta do deputado federal Capitão Wagner (União Brasil–CE) que visava ampliar os direitos e a proteção de famílias que foram expulsas de imóveis do Programa Minha Casa, Minha Vida por ação do crime organizado. Como se sabe, essa é uma prática frequente de milicianos no Rio de Janeiro.
Como vereador, Chiquinho Brazão presidiu a Comissão de Assuntos Urbanos, que trata do mesmo tipo de questão.
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