O CNPQ, agência federal voltada ao fomento à pesquisa em ciência, tecnologia e inovação, emitiu parecer para negar uma bolsa de produtividade à professora Maria Carlotto, do curso de Relações Internacionais da UFABC. Como justificativa, o órgão cita que a gravidez da pesquisadora provavelmente atrapalhou a realização de pós-doutorado fora do país, “o que poderá ser compensado no futuro”.
Em suas redes sociais, a cientista social Maria Carlotto se manifestou e disse ter “vontade de chorar” após receber o parecer do CNPQ.
Resultado preliminar da bolsa produtividade @CNPq_Oficial reconhece minha carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Gov. Bolsonaro? não… “provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que poderá ser compensado no futuro”. Vontade de chorar.
— Maria Carlotto (@maria___maria) December 26, 2023
Em nota divulgada na última terça-feira (27), o CNPQ admite que “tal juízo é inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a concorrência em tal edital, quanto por expressar juízo preconceituoso com as circunstâncias associadas à gestação”.
O órgão afirma, ainda, que a decisão não é “compatível com os princípios que regem as políticas” da agência. O parecer, informa o CNPQ, não foi corroborado pelo comitê assessor responsável pelo julgamento, formado por um colegiado.
De acordo com o órgão, o parecer ainda é passível de recurso. “Essa avaliação prévia é emitida por especialistas e serve de subsídio para que os comitês possam, ou não, incorporar nos julgamentos”, diz a nota.
Relacionados
Estudo aponta que Ômega-3 pode retardar envelhecimento biológico em humanos
Pesquisa conclui que há fortes evidências de que a ingestão de 1 grama de ômega-3 por dia é suficiente para modular positivamente o envelhecimento biológico
Entidades científicas divulgam apoio à médica Ligia Bahia, processada pelo CFM
Entre outras coisas, médica criticou conselho pelo apoio dado ao uso de Cloroquina
Colônias inteiras de corais estão morrendo na maior barreira de recifes do mundo
Pesquisa revela que, com onda de calor nos oceanos, 44% das colônias monitoradas na Grande Barreira de Corais morreram após o processo de branqueamento