Após questionamentos veiculados em matérias do jornalista Leandro Demori, tanto no portal quanto no canal de YouTube do ICL Notícias, a concessionária Fraport Brasil reduziu em quase 1/3 o valor pleiteado junto ao governo federal para que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, volte a operar para pousos e decolagens. O terminal está fechado desde o dia 3 de maio.
A concessionária informou nesta terça-feira (11) que a reabertura do aeroporto deverá exigir pelo menos R$ 362 milhões em investimentos. Na semana passada, no entanto, a Fraport anunciou ser necessário cerca de R$ 1 bilhão para a retomada das atividades do terminal.
Segundo a empresa, o seguro para enchentes só cobriria até R$ 130 milhões em danos — o restante ficaria com o governo federal.
No dia 4 de junho, no Desperta ICL, Demori trouxe informações sobre o contrato de concessão entre a Fraport e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Segundo o “contrato de concessão para ampliação, manutenção e exploração do aeroporto de Porto Alegre”, assinado entre a Fraport e a Anac, na seção II (“Dos Riscos da Concessionária”), o item 5.4.22 deixa claro que caberá à empresa qualquer risco “de ocorrência de eventos de força maior ou caso fortuito”.
Como explicou Demori, a Fraport disse estar a par “da situação geológica do aeroporto”, segundo o contrato. Além disso, no item 5.5, a concessionária declara “ter pleno conhecimento da natureza e extensão dos riscos por ela assumidos no contrato” e “ter levado tais riscos em consideração na formulação de sua proposta e assinatura” do documento de concessão.
“Esse contrato não se assina se a empresa não provar à Anac que tem um seguro. O boleto do seguro tem que ser mandado para a Anac rotineiramente, caso contrário ela pode ser punida, multada e, no limite, perder a concessão. É obrigatório ter seguro”, acrescentou Demori, que teve acesso ao contrato da Fraport com a seguradora Chubb.
Demori lembrou ainda que a Fraport é uma empresa com ações na bolsa alemã e que tem o estado de Hesse, na Alemanha, como sócio majoritário.
“Privatizamos um aeroporto do estado do Rio Grande do Sul para o estado de Hesse, na Alemanha, onde fica Frankfurt. É o que foi feito em termos de concessão”, resumiu Demori.
Concessionária protela obras
No dia 29 de maio, Leandro Demori denunciou, no ICL Notícias Segunda Edição, que a Fraport não agia para drenar a pista, apesar de todo o transtorno que a interdição do terminal causa ao Rio Grande do Sul. Tanto a pista quanto o próprio prédio do aeroporto ficaram submersas na enchente que atingiu a capital gaúcha.
Demori lembrou ainda que na inundação ocorrida no ano passado no Aeroporto de Frankfurt, que é operado pela Fraport, a empresa atuou para fazer a drenagem da pista.
Questionamentos
O jornalista fez três questionamentos à concessionária sobre a atual situação do aeroporto da capital gaúcha, que estava interditado devido à enchente. Duas delas foram respondidas pelo presidente do Conselho Executivo da Fraport AG, Stefan Schulte.
A empresa alegou que não age no aeroporto gaúcho porque é concessionária e não proprietária do Salgado Filho e alegou também que a inundação no entorno inviabilizaria esse trabalho.
Nos últimos dias, porém, máquinas cedidas por empresários agrícolas têm sido usadas para bombear a água do terminal Salgado Filho, sem qualquer participação da concessionária.
“Traduzindo o que eles disseram: nós somos concessionários no Brasil, somos os responsáveis no Salgado Filho pelos lucros, mas se der algum problema nós não somos responsáveis”, interpreta o jornalista.”A Fraport disse que não poderia fazer uma coisa que os arrozeiros foram lá fazer”.
Fraport Brasil
Procurada, a Fraport Brasil não respondeu aos questionamentos do ICL Notícias. O espaço fica aberto para a concessionária do Aeroporto Salgado Filho manifestar sua posição.
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