Entre os dias 18 a 21 de junho acontecerá na Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo, a Conferência Enegrecer, depois de 20 anos da sua última edição. O evento reunirá pensadores, ativistas, artistas e teólogos nacionais e internacionais.
Promovido pelo Movimento Negro Evangélico (MNE), o evento tem como objetivo discutir a importância de se pensar as negritudes para uma Igreja do amanhã. Tema extremamente sensível e necessário para que possamos, juntos, fortalecer a luta contra a intolerância religiosa e o racismo dentro dos segmentos e instituições religiosas.
Segundos os dados apresentado pelo Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos anos tivemos um crescimento de pretos e pardos nas igrejas evangélicas brasileiras.
É claro que ao falar de presença negra nas igrejas evangélicas precisamos rememorar a importância da história de William Joseph Seymour. Ex-escravizado, pastor estadunidense, reconhecido como o principal mentor do movimento religioso denominado de pentecostalismo.
Em pleno período segregacionista, Seymour, mudou-se para Houston, em 1905. Lá, começou a frequentar a recém-formada escola bíblica de Charles Fox Parham. Por ser uma pessoa negra, ele frequentou as aulas do lado de fora, em uma cadeira colocada no corredor.
Durante a sua passagem por Houston aprendeu a doutrina do movimento Holinesse, desenvolveu a crença na glossolalia. Anos depois se mudou para Los Angeles, onde passou a exercer o pastorado em uma igreja local.
A experiência de William Seymour, assim como a de outros líderes religiosos cristãos, impulsionou gerações e ainda é o esteio para a compreensão da tentativa de superação do racismo e da intolerância religiosa dentro e fora dos templos religiosos.
Assim, tendo como norte esse espírito de luta e transformação, a Conferência Enegrecer, um evento que até então, poderia fechar-se em si mesmo, abre as suas portas para que lideranças negras de outras confissões religiosas possam fazer parte do propósito da transformação.
Cá do meu canto, vejo uma ação de coragem e um chamado a caminhar juntos, independente das nossas confissões e práticas religiosas.