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Conflito na Ucrânia afeta a atratividade pelo dólar e chama atenção para as criptomoedas

Mercado avalia que o movimento de congelamento das reservas em dólares, em ouro e títulos americano, nos bancos ocidentais, diminui o poder da moeda
22/03/2022 | 19h18

O dólar, assim como as demais moedas fiduciárias, representa uma dívida soberana entre um determinado governo e aquele que se dispôs a reter a moeda em seu portfólio. Se, por alguma razão, o governo emitente da moeda fiduciária se recusa a honrar esta dívida, como no caso de proibir o acesso aos recursos depositados em bancos sob sua jurisdição, a credibilidade da moeda é afetada. Primeiros sinais do conflito na Ucrânia começam a resvalar na moeda norte-americana.

Em resposta à invasão da Rússia na Ucrânia, os países do ocidente, sob a liderança dos Estados Unidos, adotaram uma série de retaliações econômicas. Uma delas é o confisco das reservas cambiais do governo russo, denominadas em dólares, ouro e títulos do tesouro americano, custodiadas em outros bancos centrais do mundo ocidental, além de outras retaliações econômicas como pressão para que empresas interrompam voluntariamente suas atividades comerciais com suas contrapartes russas e exclusão dos bancos do país do sistema de Sociedade de Telecomunicações Financeiras Mundial (SWIFT).

Analistas de mercado avaliam que o movimento de congelamento das reservas em dólares, em ouro e em títulos do tesouro americano custodiadas nos bancos do mundo ocidental será responsável por uma quebra estrutural na confiabilidade das moedas fiduciárias, principalmente do dólar, no longo prazo. Alterações no arcabouço de meios de pagamento global ocorrem de maneira lenta.

Se um país fica incapacitado de usar suas reservas, como o dólar, por exemplo, naturalmente as reservas perdem valor e atratividade. Então, os países perdem o incentivo de usar o dólar como reserva cambial. O resultado é que os governos buscarão diversificar suas reservas para reduzir sua exposição a uma única moeda fiduciária, visto que estes ativos se mostraram menos líquidos e seguros do que o antecipado.

A China, por exemplo, possui mais de 3 trilhões de reservas em dólares e títulos do tesouro americano, sendo o principal credor da dívida americana. Diante da polarização que vem se materializando no atual conflito, o Yuan tende a se fortalecer no médio e longo prazo, devido ao importante papel que a China exerce no mercado global.

Outro contraponto, neste cenário de guerra, é o aumento da credibilidade das criptomoedas, devido ao caráter descentralizado das criptos, não afetadas por sanções que visam congelamento de recursos. Além disso, as criptomoedas também atuam como meio de transferência internacional, podendo mitigar os efeitos de sanções que buscam a exclusão de determinado ente do sistema global de meios de pagamento. Mas a elevada volatilidade das criptomoedas põe em xeque o seu papel como reserva de valor no curto prazo, limitando a utilização delas, principalmente, como reservas internacionais para os países.

O Banco Central Europeu (BCE) está alertando as corretoras de criptomoedas sobre evasão de sanções impostas contra diferentes países, especialmente a Rússia.

O Banco Central Europeu emitiu um comunicado para as corretoras devido ao uso das criptomoedas para driblar as sanções contra russos. Avisou  que as empresas do mercado de cripto podem ser consideradas “cúmplices” nesse tipo de crime relacionado a de evasão de sanções.

Apesar do alerta do Banco Central Europeu, há corretoras que podem estar facilitando a evasão de sanções por parte de moradores da Rússia.

Segundo a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, a entidade está tomando os passos necessários para sinalizar para todas essas corretoras que elas estão em risco de serem consideradas cúmplices criminosos.

Apesar de ser um pequeno alerta, a questão das sanções do governo e o papel do criptomercado nelas são um ponto de discussão crescente sobre os riscos e ameaças do que pode acontecer no futuro.

 

Com informações de relatórios de análise de mercado e agências internacionais.

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