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Contaminação por HIV: deputado só tem 13 assinaturas para CPI uma semana depois

Flávio Serafini (PSOL -RJ) pede CPI na Alerj para investigar denúncias de irresponsabilidade e fraude em laudos laboratoriais
21/10/2024 | 11h55

Por Marco Antonio StivanelliTempo Real

Uma semana depois de vir à tona o escândalo da contaminação de seis pacientes transplantados por HIV, o deputado Flávio Serafini (PSOL-RJ) só conseguiu o apoio de 13 deputados para a criação de uma CPI na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que investigue as denúncias de irresponsabilidade e fraude em laudos laboratoriais. Para dar entrada no pedido de instalação da comissão são necessárias, no mínimo, 24 assinaturas.

Serafini está se movimentando para emplacar a CPI desde o início da semana. E tem esperanças de conseguir ultrapassar 16 assinaturas nos próximos dias. Mesmo assim, ainda estará longe do que seria imprescindível para começar os trabalhos.

A tarefa é árdua. Poucos deputados sequer foram à tribuna falar sobre o caso.

E, para além dos funcionários e sócios do Laboratório PCS Lab Saleme — onde foram feitos os laudos incorretos que provocaram a contaminação — o caso coloca o deputado federal Dr. Luizinho, presidente estadual do PP e ex-secretário de Saúde do estado, sob uma luz desconfortável. Luizinho é primo de Matheus Teixeira Vieira, sócio-proprietário do estabelecimento.

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Seis pacientes foram infectados por HIV

Pelo menos seis pacientes foram identificados como infectados por HIV após receberem o transplante de rins, fígado, coração e córnea vindos de duas pessoas portadoras do vírus. Antes, os órgãos foram testados pelo Laboratório de Patologia Clínica Dr. Saleme (PCS). Porém, as análises laboratoriais indicaram que os materiais não eram reagentes para o HIV.

O PCS Lab Saleme foi interditado pela Vigilância Sanitária local até a conclusão das investigações, com foco na segurança dos transplantes. Novos exames pré-transplante estão sendo realizados no Hemorio.

A Fundação Saúde, que é vinculada à Secretaria Estadual de Saúde e é responsável por gerir as unidades da rede estadual, convocou, de forma emergencial o segundo colocado em pregão, para assumir o lugar do laboratório PCS Lab Saleme. Uma nova licitação está sendo preparada.

O laboratório PCS Lab Saleme teve pelo menos três contratos com a Fundação Saúde. O laboratório tem, entre seus sócios, familiares do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), que foi secretário estadual de Saúde de janeiro a setembro de 2023. Em nota divulgada por sua assessoria no último dia 11, o parlamentar disse que quando era secretário jamais participou da escolha deste ou de qualquer laboratório.

O caso é considerado grave pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e pelo Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as Vigilâncias Sanitárias estadual e municipal e o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde coordenam uma série de ações para investigar a infecção por HIV de pacientes transplantados no estado do Rio de Janeiro.

 

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