A função do jornalismo parece simples: contar e analisar os fatos do cotidiano da forma mais verdadeira possível. No entanto, desde que, no século XV, o alemão Johann Gutenberg criou a máquina de impressão até os nossos dias tem sido gigantesca a combinação de interesses que se opõe ao cumprimento dessa tarefa singela.
Grupos econômicos, políticos, religiosos, ideológicos e de vários outros matizes tratam de colocar obstáculos ou de desvirtuar o trabalho da imprensa.
No Brasil de hoje, os exemplos desse jogo bruto estão mais visíveis do que nunca.
Podem ser encontrados no noticiário econômico, em que ricos empresários e banqueiros fazem valer as versões do “mercado” sobre as necessidades da imensa maioria da população, que não tem sequer o básico para viver dignamente.
Ocorre também nas editorias de política, que construíram a imagem do falso herói Sergio Moro, avalizaram os métodos ilegais da Lava Jato e também normalizaram o extremismo de Jair Bolsonaro — de tal modo que muita gente achou trivial que um personagem talhado na forma do fascismo se tornasse presidente do Brasil.
São frequentes também a demonização dos movimentos sociais e sindicais, o apagamento de questões relevantes — como a reforma agrária e o questionamento ao capitalismo — e a ocultação dos personagens poderosos responsáveis pela destruição ambiental que se verifica no país.
Por sorte, a obstinação e o idealismo de muitos jornalistas mantém viva a beleza do ofício. Por mais que mereça as críticas que cada vez mais a colocam na mira, a grande imprensa acabou sendo de fundamental importância na resistência ao autoritarismo de Bolsonaro e suas intenções golpistas, com denúncias diárias — mesmo que, em grande parte, a mídia tenha sido responsável pelo sucesso eleitoral do “capitão”.
A grande imprensa também teve papel crucial na pandemia, quando se contrapôs ao negacionismo do governo bolsonarista.
Além disso, a oposição ao racismo, ao machismo e outras formas de preconceito têm ganhado espaço generoso.
Mesmo assim, o balanço de prós e contras continua amplamente desfavorável. Muitos dos mais importantes problemas brasileiros — especialmente os de natureza econômica — continuam sub-representados nos noticiários, assim como pouco aparecem os personagens que têm sugestões contrárias às diretrizes do grande poder financeiro.
O resultado é o Brasil desestruturado socialmente, politicamente e economicamente, sem debater soluções que mudem o paradigma. Campo fértil para as ofensivas da extrema direita que temos assistido nos últimos anos.
O portal ICL Notícias surge com proposta diferente. Temos por princípio uma certeza: o jornalismo que é cúmplice da opressão não é digno desse nome.
Vamos tentar ser uma alternativa à altura desse momento de emergência que vive o país.
Em contraponto ao modelo vertical de informações, que são disseminadas a partir dos gabinetes refrigerados de grandes financistas, propomos uma prática que leve em conta todos os setores, mas com prioridade para os mais desfavorecidos.
Essa já é a prática do canal ICL Notícias no YouTube, que nos últimos meses rotineiramente tem mantido programas jornalísticos entre os campeões de audiência da plataforma — com uma diferença fundamental para seus concorrentes: não aceita anúncios publicitários e nem recebe monetização do YouTube.
No modelo criado por Eduardo Moreira, os alunos matriculados nos mais de 230 cursos do Instituto Conhecimento Liberta sustentam o canal — e sustentarão também este portal. Isso garante aos dois veículos algo que vale ouro no jornalismo, a independência.
Desde a origem, essa experiência tem a marca que tornou distinta a trajetória do Instituto Conhecimento Liberta: a da construção conjunta.
Nesse caminho, entre acertos e erros, contamos com seus pitacos, sugestões e críticas.
O desafio não é simples.
Vamos enfrentá-lo juntos.
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