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Coordenadora do CGI.br: ‘Para enfrentar a direita precisamos regular plataformas’

Plataformas destacam "medo, ódio, preconceito", diz representante do CGI
06/07/2024 | 14h03

Gabriela Moncau, do Brasil de Fato

“Não vamos conseguir enfrentar a extrema direita, se não enfrentarmos o debate da regulação das plataformas digitais. Esse tema é central para a sobrevivência da democracia”. A avaliação de Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet (CGI.br) e assessora da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Barbosa, ocorreu na abertura do 8º Encontro Nacional de Comunicadores e Ativistas Digitais em São Paulo, nesta sexta-feira (5).

O evento segue até este sábado (6) no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, na região central da capital paulista. O objetivo do encontro é debater os desafios para o fortalecimento das mídias alternativas e da comunicação pública em um contexto de avanço da inteligência artificial e hegemonia de plataformas digitais.

Além de Mielli, a mesa de abertura sobre comunicação e conjuntura foi composta por Ricardo Zamora, secretário-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e Admirson Ferro, coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).

Instagram, Tik tok, X, Facebook, Whatsapp: para Mielli, “estamos, cada vez mais, em um ciclo vicioso dentro dessas plataformas”. “Elas nos colocam em uma caixa de ressonância onde nos relacionamos com conteúdos, grupos e pessoas que têm afinidades com aquilo que já temos pré-disposição para aceitar. Ficamos presos numa relação onde buscamos aceitação e identidade. Isso cria um processo de polarização na sociedade”, avaliou.

Mielli aponta que o modelo das plataformas é baseado em conteúdos que provocam reação a partir de um disparo rápido no sistema cognitivo. “Medo, ódio, preconceito. Porque são os sentimentos que geram mais engajamento”, descreveu.

A regulamentação do funcionamento destas plataformas, para Renata Mielli, é fundamental para lutar contra um cenário em que “a razão argumentativa perdeu espaço. E nós, que queremos transformar a sociedade, precisamos de argumentos”.

“Precisamos enfrentar o poder econômico dessas empresas que, somadas, têm mais poder que muitos países. Elas têm papel central na geopolítica internacional. Não à toa que parte da disputa entre EUA e China se dá em torno do Tik tTok”, exemplificou . Sem isso, avaliou, “não há chance” de enfrentar a ascensão da direita no mundo.

Fortalecimento da extrema direita

Ricardo Zamora também abordou o crescimento de setores conservadores em escala planetária. “O mundo atravessa um período histórico que certamente será conhecido no futuro como um período regressivo, reacionário”, analisou, ilustrando com a eleição de Javier Milei na Argentina.

“As forças progressistas têm se colocado como defensoras do Estado democrático de direito. E a direita, como força política antissistêmica. Nós, de certa maneira, ficamos numa posição conservadora. Então a gente vive certo paradoxo”, assinalou o secretário da Secom.

Em sua visão, o principal desafio do governo é “provar que, sim, a democracia é a melhor forma de gerir políticas públicas adequadas”.

Zamora afirmou ainda que, no Brasil, apesar de um “cenário duro” com “uma indústria de fake news produzida pela extrema direita”, “um ataque permanente do mercado financeiro” e “uma situação política difícil” com o Congresso Nacional, “os índices gerais do governo Lula são muito bons”.

“Temos inflação em queda, crescimento da economia e diminuição do desemprego”, elencou Zamora. O secretário opinou que “o governo não teve nenhuma derrota fundamental” e “não fez concessões programáticas”.

Já Admirson Ferro defendeu que é preciso “democratizar os recursos públicos voltados à comunicação para que a sociedade civil também tenha acesso”.

Lembrou ainda a reivindicação do FNDC pela exoneração do ministro Juscelino Filho, que está à frente da pasta das Comunicações no governo federal.

Entre os palestrantes do sábado, estará o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima; a presidenta da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga; e o presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço Brasil), Geremias dos Santos.

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