ICL Notícias

Corregedora que denuncia pressão na Abin atuou em processo barrado por Ramagem 

Servidora relatou que foi pressionada pela atual cúpula da Abin após colaborar com as investigações da PF
02/02/2024 | 06h02

A corregedora da Agência Brasileira de Inteligência, Lidiane dos Santos, recomendou a demissão de dois servidores do órgão em 2019, em um processo administrativo barrado por Alexandre Ramagem quando ele era diretor-geral da agência.

Nesta semana, conforme revelou a coluna da jornalista Bela Megale no jornal O Globo, Lidiane relatou à Controladoria-Geral da União (CGU) que foi pressionada pela atual cúpula da Abin após colaborar com as investigações da PF sobre o monitoramento ilegal durante o governo de Jair Bolsonaro.

Foi confirmado com servidores da Abin que a corregedora atuou no primeiro procedimento administrativo que recomendou a demissão de Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Izycki. Eles foram presos pela PF na operação “Última Milha”, em outubro de 2023.

No entanto, o desligamento só ocorreu no ano passado, já que Ramagem não teria acatado a recomendação de Lidiane e de outros dois servidores para a demissão. Em maio de 2019, a Abin abriu uma sindicância para apurar a participação de Colli e Izycki em pregão no Exército, na condição de sócios de uma empresa —, a prática é vetada a servidores da agência. Depois disso, foi aberto um processo administrativo e foi recomendada a demissão dos dois.

No entanto, em setembro de 2021, o então diretor-geral da Abin discorda da demissão de ambos, e recomenda uma série de diligências. Ele também mandou que o processo reiniciasse,  com uma nova comissão de sindicância. Após esta interferência, o processo levou mais dois anos para ser concluído. Alexandre chefiou a Abin de 2019 a março do ano passado, quando deixou o cargo para disputar a eleição para deputado federal.

A coluna apurou que a PF investiga a atuação do atual deputado federal nesse episódio, já que há relatos de que a direção da Abin estaria sendo chantageada pelos servidores que, supostamente, ameaçavam denunciar o uso ilegal da ferramenta First Mile.

Segundo O Globo, a corregedora teria contado que foi alvo de pressão do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do ex-número dois no órgão, Alessandro Moretti.

Ao barrar a primeira recomendação de demissão, Ramagem disse ter identificado o que considerou falta de individualização de condutas dos agentes, ausência de oitiva dos proprietários e gestores da empresa privada e a necessidade de mais provas do conflito de interesses.

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail