A corregedora da Agência Brasileira de Inteligência, Lidiane dos Santos, recomendou a demissão de dois servidores do órgão em 2019, em um processo administrativo barrado por Alexandre Ramagem quando ele era diretor-geral da agência.
Nesta semana, conforme revelou a coluna da jornalista Bela Megale no jornal O Globo, Lidiane relatou à Controladoria-Geral da União (CGU) que foi pressionada pela atual cúpula da Abin após colaborar com as investigações da PF sobre o monitoramento ilegal durante o governo de Jair Bolsonaro.
Foi confirmado com servidores da Abin que a corregedora atuou no primeiro procedimento administrativo que recomendou a demissão de Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Izycki. Eles foram presos pela PF na operação “Última Milha”, em outubro de 2023.
No entanto, o desligamento só ocorreu no ano passado, já que Ramagem não teria acatado a recomendação de Lidiane e de outros dois servidores para a demissão. Em maio de 2019, a Abin abriu uma sindicância para apurar a participação de Colli e Izycki em pregão no Exército, na condição de sócios de uma empresa —, a prática é vetada a servidores da agência. Depois disso, foi aberto um processo administrativo e foi recomendada a demissão dos dois.
No entanto, em setembro de 2021, o então diretor-geral da Abin discorda da demissão de ambos, e recomenda uma série de diligências. Ele também mandou que o processo reiniciasse, com uma nova comissão de sindicância. Após esta interferência, o processo levou mais dois anos para ser concluído. Alexandre chefiou a Abin de 2019 a março do ano passado, quando deixou o cargo para disputar a eleição para deputado federal.
A coluna apurou que a PF investiga a atuação do atual deputado federal nesse episódio, já que há relatos de que a direção da Abin estaria sendo chantageada pelos servidores que, supostamente, ameaçavam denunciar o uso ilegal da ferramenta First Mile.
Segundo O Globo, a corregedora teria contado que foi alvo de pressão do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do ex-número dois no órgão, Alessandro Moretti.
Ao barrar a primeira recomendação de demissão, Ramagem disse ter identificado o que considerou falta de individualização de condutas dos agentes, ausência de oitiva dos proprietários e gestores da empresa privada e a necessidade de mais provas do conflito de interesses.
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