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CPI das Americanas termina sem identificar autores da fraude de R$ 40 bilhões

Eduardo Moreira classifica o resultado da CPI como "escândalo" e questiona: qual era a chance desse negócio não morrer em pizza?”
05/09/2023 | 08h52

Apesar de reconhecer que há “indícios de materialidade” para elucidação da fraude que produziu rombo estimado em R$ 40 bilhões nas contas, o relatório da CPI das Americanas, que investiga o caso, não apontou culpados. Em um dos trechos, o relator, deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), tenta explicar a omissão, argumentando que não foi possível formar “juízo de valor”.

“O conjunto probatório, de fato, converge para o possível envolvimento de pessoas que integravam o corpo diretivo da companhia (ex- diretores e ex-executivos). Contudo, os elementos até então carreados não se mostraram suficientes para a formação de um juízo de valor seguro o bastante para atribuir a autoria e para fundamentar eventual indiciamento”, diz o documento.

Os pivôs do maior escândalo financeiro do Brasil nos últimos anos são os três homens mais ricos do país: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, que têm fortunas que somam mais de R$ 185 bilhões. A sociedade teve início com criação do extinto Banco Garantia e proporcionou aos três empresários darem sequência à criação de gigantes do mercado como a 3G capital e a AB Imbev.

Em seu comentário no ICL Notícias 1ª edição, Eduardo Moreira disse que considera o resultado da CPI como um escândalo. Ele não entende como os donos das Lojas Americanas não foram convocados a depor.

“Os beneficiados (pela fraude) estão na cara. A linha do tempo, mais clara impossível. Eles há 40 anos tocam a empresa, aí saem do grupo de controle e no ano seguinte aparece a fraude. E não sabiam de nada. Deram sorte de sair um ano antes?”, questiona Eduardo.

E completa: “Uma CPI que investiga a maior fraude já cometida no país e por trás dessa história toda estão os três caras mais ricos do Brasil, qual era a chance desse negócio não morrer em pizza?”

O relatório tem 338 páginas com detalhamento sobre o caso. Em uma das passagens, o relator afirma: “em que pesem os indícios de materialidade apontados, não foi possível, no atual estágio da investigação, identificar, de forma precisa, a autoria dos fatos investigados, nem imputar a respectiva responsabilidade criminal, civil ou administrativa a instituições ou pessoas determinadas, ante a necessidade da realização de outras diligências e da coleta de elementos de prova mais robustos”.

Chiodini sugere um “possível” envolvimento da antiga diretoria, mas evita fazer “juízo de valor seguro”.
O deputado alega que “conclusão em sentido contrário resultaria em prováveis alegações de violação de direitos, tendo em vista que mesmo os órgãos de persecução penal, que já atravessam uma etapa investigativa bem mais madura, sequer ultimaram suas convicções de forma assertiva, tendo afirmado perante esta CPI estarem em uma fase ainda incipiente de suas apurações”.

O documento diz, no entanto, que “em linhas gerais, as evidências apontadas desde o início dos trabalhos desta CPI já demonstravam que não se tratava apenas de uma mera desconformidade nos balanços da companhia, mas de um dos maiores escândalos contábeis já vivenciados em nosso cenário corporativo”.

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