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Ivanir dos Santos

Professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Conselheiro Estratégico do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP). Autor e idealizador da série Resistência Negra, da Globoplay.

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Cultura popular no Carnaval: Parte 3

No Brasil, intolerância religiosa e racismo atuam de forma explícita
03/03/2025 | 12h47
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A África na avenida, nas passarelas do samba ainda é tema de questionamento, demonizações e preconceito. Seja no Rio de Janeiro ou em São Paulo as escolas que escolheram representar a cultura e espiritualidade africanas e afro-brasileira no samba-enredo passaram por uma série de ataques e ofensas.

Em um país como o Brasil, que ainda vive sob a glorificação do passado colonial e a desumanização, intolerância religiosa e racismo atuam de forma explícita.

Pois a intolerância religiosa e o racismo são herdeiros dos processos de colonização, protagonizam o acirramento das violências simbólicas que naturalizam as diferenças culturais, religiosas, espirituais e fenotípicas.

Paraíso do Tuiuti - Foto: Alex Ferro | Riotur

Paraíso do Tuiuti. (Foto: Alex Ferro/ Riotur)

Um brevíssimo panorama sobre as Histórias da formação social do Brasil nos permite enxergar que a intolerância e o racismo ainda são os maiores desafios para a construção da coexistência pacífica, tolerância, respeito e equidade em várias partes do mundo e promoção da equidade.

Um desafio que vem se arrastando ao longo dos séculos e se infiltrando na sociedade. Ainda que a intolerância e o racismo estejam conectados, por serem frutos do projeto colonial, essas violências nem sempre vão operar juntas sobre a sociedade brasileira.

Ambas as violências coloniais forjaram relações e hierarquias sociais, culturais, religiosas e espirituais com base na superioridade construída e fortalecida durante o estabelecimento da colonialidade europeia sobre o continente americano e a ampliação das relações com o continente africano.

Relações de poder que vão classificar e qualificar o que é e o que não é pautável para estar e desfiliar nas avenidas do samba.

Assim, de um lado assistimos um ato de promoção das histórias e das culturas africanas e afro-brasileiras nas passarelas do samba e do outro lado uma tentativa de silenciamento e marginalização das nossas lutas e resistências.

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