Após ser alvo de denúncia ao Ministério Público, a cantora Claudia Leitte voltou a remover da música “Caranguejo” um trecho que cita Iemanjá. O novo episódio aconteceu durante apresentação no pré-Réveillon do Recife, no domingo (29).
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um inquérito para apurar um possível ato de racismo religioso cometido pela artista após um show na cidade de Salvador. A ação aponta uma suposta postura discriminatória da artista ao substituir Iemanjá por “Eu amo meu Rei Yeshua”. Yeshua é o nome de Jesus em hebraico.
Claudia Leitte
Após o show do último domingo na cidade de Recife, a cantora se pronunciou sobre o inquérito aberto pelo MP. “Eu acho que esse assunto é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial”, afirmou.
“Eu prezo muito pelo respeito, pela solidariedade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado ao tribunal da internet. É isso”, concluiu.
Nas redes sociais, a cantora tem sido alvo de inúmeras críticas sobre a alteração da letra da música “Caranguejo”. A cantora já declarou ser neopentecostal.
O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, se manifestou nas redes sociais e se colocou contra a retirada dos nomes de orixás das músicas originalmente escritas com as menções.
“Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo”, escreveu.
MP
O MP abriu o inquérito para apurar a situação, que aconteceu durante o primeiro show de ensaio de verão da artista no Candyall Guetho Square. A denúncia ao Ministério Público foi feita pelo Iyalorixá Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum, e pelo Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras).
A denúncia será avaliada pela promotora Lívia Sant’Anna Vaz. O inquérito foi instaurado por meio da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa.
O procedimento vai apurar a “responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal”.
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