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O Governo de São Paulo anunciou ontem o fim da Operação Escudo na baixada santista. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, fez o anúncio em uma coletiva chamada às pressas no começo da noite de terça-feira, o fim da operação.

Em pouco mais de um mês, a ação policial deixou 28 mortos e entrou para a história como a segunda operação mais letal do estado, ficando atrás apenas do Massacre do Carandiru em 1992. O anúncio foi feito no mesmo dia em que a defensoria pública de São Paulo e a Conectas Direitos Humanos entraram na justiça com uma ação civil pública pedindo que fosse obrigatória a instalação de câmeras corporais em todos os policiais que atuavam na Operação.

Na semana passada, um relatório do Conselho Nacional de Direitos Humanos elencou uma série de abusos da Operação Escudo e fez mais de 20 recomendações para o governo do estado, entre elas o encerramento imediato da operação.

Para Gabriel Sampaio, diretor de Litigância e Incidência da Conectas Direitos Humanos, a decisão de suspender a Operação é resultado das denúncias de abusos. Segundo o governo do estado, todas as mortes foram resultado de confronto entre as vítimas e a polícia, mas a defensoria pública e a Conectas informam que analisaram os boletins de ocorrência de 25 vítimas e só um trazia a menção expressa do uso de câmeras corporais pelos policiais.

Além disso, segundo a Ouvidoria das Polícias de São Paulo, não foram feitos exames residuográficos nas mãos das vítimas, de forma que pudesse ser comprovado que elas chegaram a usar armas de fogo. Apesar dos reiterados pedidos da Defensoria Pública, a Secretaria de Segurança não entregou as imagens de nenhuma das câmeras corporais para a instituição.

A Operação teve início no dia 28 de julho e, segundo o governo do estado, o objetivo era combater o narcotráfico, mas começou um dia depois da morte do policial Patrick Reis, na cidade do Guarujá. Exames balísticos do tiro que matou o policial mostraram que o disparo foi feito por uma arma de uso restrito às forças de segurança.

Na ação protocolada ontem, a operação foi comparada ao “Esquadrão da Morte” e aplicou uma lógica de vingança institucional. Apesar de anunciar o fim da operação Escudo, a secretaria de segurança de São Paulo disse que segue em andamento a Operação Impacto, também na Baixada Santista e com a criação de um novo batalhão na cidade do Guarujá com 120 policiais

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