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Deputado Zucco pede doações a vítimas de enchentes via instituto bolsonarista de Goiás

Segundo cientista político, instituto foi “criado por políticos bolsonaristas para defender ideias de extrema direita”
05/05/2024 | 05h00

Por Marco Weissheimer — Sul21

O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS) publicou um vídeo em suas redes sociais pedindo doações para as vítimas das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias. Neste vídeo, ele aponta como chave PIX para realizar doações em dinheiro o CNPJ do Instituto Harpia Brasil — Asas da Ação e Liberdade, associação civil de extrema-direita sediada em Goiás.

Segundo o deputado afirma neste vídeo, o referido instituto “está arrecadando recursos para ajudar as defesas civis dos municípios do Rio Grande do Sul”. No mesmo vídeo, Zucco não faz nenhuma referência à campanha de arrecadação que está sendo feita pela Defesa Civil Estadual.

Na publicação deste vídeo no X (ex-Twitter), a comunidade de leitores acrescentou uma nota afirmando que o Instituto Harpia Brasil é “ligado ao movimento Invasão Zero, que organizou um ataque com milícia rural contra o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe na Bahia, resultando na morte da pajé Maria de Fátima Muniz Andrade, a Nega Pataxó”.

O pedido de doações para o Instituto Harpia Brasil também foi questionado, no X, por Vinicios Betiol, Mestre em Geopolítica pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e autor do livro “A arte da guerra online: como enfrentar as redes de extrema direita na internet”.

Betiol destacou que esse instituto foi “criado por políticos bolsonaristas para defender ideias de extrema direita”. E questionou o uso da tragédia no Rio Grande do Sul para pedir doações em nome do instituto.

Major Vitor Hugo é presidente do Instituto Harpia

Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o movimento Invasão Zero, que existe formalmente desde 2023, é um grupo paramilitar de fazendeiros ultraconservadores voltado à “proteção da propriedade” e ao combate ao MST, às “invasões de terras” e demarcação de novas terras indígenas.

Durante a CPI do MST, na Câmara dos Deputados, eles ganharam apoio formal do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos deputados Luciano Zucco e Ricardo Salles (PL-SP). Uma frente parlamentar com mesmo nome foi criada no Congresso e o movimento “Invasão Zero” se espalhou por nove estados, com a promessa de impedir ocupações.

Segundo o site De Olho nos Ruralistas, as conexões entre o Instituto Harpia Brasil, os bolsonaristas e o movimento Invasão Zero ficaram evidenciadas no 1º Congresso do Instituto, realizado em 27 de outubro de 2023, em Goiânia.

O evento, aberto pelo ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara Federal, marcou o “lançamento da organização ultraconservadora, criada para formar novos líderes de direita e pressionar os governos estaduais e federal contra a reforma agrária e a demarcação de terras indígenas”.

No encontro, que teve como lema “Deus, Pátria, Família e Liberdade”, Zucco chamou os integrantes do MST de “criminosos e terroristas”, e Jair Bolsonaro recebeu a condecoração de presidente honorário da organização.

 

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