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Negligência com INSS prejudica a população, diz representante dos previdenciários em greve

Os grevistas se queixam das condições na qual a instituição se encontra e pedem o cumprimento do acordo estabelecido em 2022
02/09/2024 | 17h02

Por Ayam Fonseca*

A greve do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) começou no dia 10 de julho deste ano, quando os servidores da instituição decretaram o iníco da paralisação. Dois dos principais motivos do movimento é o descaso e a falta de investimento que o INSS vem sofrendo, o que resulta na precarização dos serviços e gera um prejuízo para os beneficiários.

Thaize Antunes, diretora da Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social) e integrante do comando nacional de greve, conta como essa negligência traz uma perda para a população. O parque tecnológico obsoleto e o número de funcionários baixo, foram fatores que obrigram o INSS a optar pelo uso dos meios digitais — como sites e portais — como solução para o atendimento, e não como apenas um acessório, como Thaize acredita que deve ser.

“A gente sabe que o público do INSS é, em grande maioria, muito vulnerável, e que não tem domínio das novas tecnologias. No nosso país mais de 50% são analfabetos digitais, e colocar ferramentas digitais como solução, acaba restringindo muito o acesso”, salienta Thaize Antunes.

Por isso, a diretora defende o aumento no número de funcionários. Ela diz que o último concurso somou apenas 1000 servidores, o que representaria apenas um servidor por agência no país — atualmente, há cerca de 17 mil funcionários trabalhando na instituição, que já chegou a ter um quadro de 40 mil pessoas.

“É um prejuízo para a população”, diz Thaize. “A gente só consegue preservar esse órgão com uma categoria de trabalhadores forte, e nós vemos aí o desrespeito do governo”.

Acordo de greve do INSS de 2022

Protesto durante a greve do INSS de 2022 (Foto: Divulgação/Sindisprev-RJ/Mayara Alves

Um dos pontos mais sensíveis das reinvindicações é o descumprimento do acordo de greve de 2022, que o governo alega ter perdido a validade.

Conforme explica Thaize, quando as mesas de negociações foram abertas neste ano, o INSS apresentou o acordo feito na paralisação anterior, mas tem sido ignorado pelo ministério desde então.

“Nós fomos ao ministro cobrar, mas o ele disse que precisava se inteirar sobre a pauta, e pediu várias novas informações para o INSS, que foram enviadas, diz a diretora. “Já chegamos a ouvir que acordo de greve tem validade. Isso não existe!”.

Thaize contou que o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos soltou uma nota técnica, na qual vedava a alteração do nível de ingresso e sugeria que o governo avaliasse a extinção de cargos.

“Para além da questão da defesa da nossa carreira e do nosso trabalho, tem o do desmonte do órgão. Quando se fala em extinção de carreira e de cargo, isso é privatização, é terceirização”, acredita a sindicalista.

“Como é que fica um órgão que tem essa finalidade social na mão de uma empresa terceirizada, que tem serviços tão vulneráveis como analisar a vida laboral de um trabalhador e conceder um benefício que vai subsidiar a renda da família? Sem o controle que um servidor público pode dar? Sem a expertise, sem o conhecimento de legislação? O prejuízo é muito grande”, completa a diretora da Fenasps.

*Estagiário sob supervisão de Chico Alves

 

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