Na semana em que comemoramos o dia das mães, quero compartilhar com vocês um pouco da minha história.
Assim como outras tantas crianças pretas, nasci na Favela do Esqueleto. A favela existiu até o início da década de 1960 do século 20, no local onde hoje se encontra a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no bairro do Maracanã, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
A favela foi removida em meados da década de 1960 pela política de higienização da Zona Sul da cidade, por sua proximidade com o estádio do Maracanã, maior estádio de futebol do mundo na época.
No Esqueleto, fui criado pela dona Sônia, minha saudosa mãe, de quem fui brutalmente tirado aos meus sete anos de idade e entregue ao Serviço de Assistência ao Menor(SAM), ligado ao Ministério da Justiça.
Depois, fui retirado do SAM. e levado a um colégio interno na cidade de Teresópolis. Mais tarde, fui internado na Escola XV de Novembro, uma escola voltada para ‘corrigir’ os meninos e meninas oriundos das classes populares.
Sem um referencial familiar, cresci e fui em busca de minha mãe. Após anos, já casado e com filhos, descobri que ela, minha mãe, foi assassinada. Hoje, mas do que nunca, eu sei que antes de ser assassinada, ela buscou todos os meios possíveis para tentar me encontrar.
Assim, as bandeiras de lutas que levantei ao longo dos outros meus caminhos até aqui, que por muitas vezes se entrelaçaram à minha história de vida, estão diretamente conectadas à presença da minha mãe na minha vida. Mesmo na ausência no tempo, ela sempre está aqui.
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