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A diáspora africana e a justiça, essa mulher negra

Somos orientados pela bússola da cosmovisão africana, que mostra um mundo possível, com respeito, democracia e equidade
29/08/2024 | 15h27

Por Ailton Ferreira

Participei na manhã desta quinta-feira, 29 de agosto, da Conferencia da Diáspora Africana, um grande encontro que reúne lideranças africanas e brasileiras e afro-americanas.

Aqui a palavra “encontro” tem o real significado de “roda”, a roda do conhecimento ancestral, a roda de saberes.

Aqui, me emociono ao ouvir o ministro Silvio Almeida anunciar que só é possível fazer desenvolvimento, se o continente africano estiver devidamente incluído. A fala do ministro me lembra a profecia do geógrafo baiano, Milton Santos, que teve a ousadia intelectual militante de defender uma “outra globalização possível”, quando o neoliberalismo propagado pela primeira-ministra Margarete, dizia-se que era um “caminhão desgovernado descendo a ladeira” , ou se colocava a favor ou seria derrotado pelo fatalismo econômico.

Silvio e Milton, intelectuais negros de gerações distantes. O ministro nasceu em 1976 e o geografo em 1926, afinam o mesmo tom, em defesa da vida e do desenvolvimento dos povos.

Este mesmo tom de justiça foi tocado nesta manhã, no salão nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, sob a batuta da ministra Margareth Menezes, regada pela emocionante fala revolucionária da outra ministra presente, a Anielle Franco, que evocou as mártires negras, a exemplo de Antonieta de Barros, Lélia Gonzalez, Dona Bernadete do Quilombo e a irmã Marielle.

Uma manhã inesquecível, que nos orienta por uma outra bússola, a bússola da cosmovisão africana, a nos mostrar um outro mundo possível, com respeito, democracia e equidade.

A mamãe África, de novo, a nos acolher, porque a justiça é uma mulher negra.

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