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Chico Alves

Jornalista, por duas vezes ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo e foi menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. Foi editor-assistente na revista ISTOÉ e editor-chefe do jornal O DIA. É co-autor do livro 'Paraíso Armado', sobre a crise na Segurança Pública no Rio, em parceria com Aziz Filho. Atualmente é editor-chefe do site ICL Notícias.

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Direita faz campanha desesperada para negar importância diplomática de Lula

No mundo paralelo da extrema direita, a diplomacia brasileira é um fracasso.
19/10/2023 | 05h33

Longe do mundo dos terraplanistas, não há pessoa sensata que ignore quanto a diplomacia brasileira melhorou no governo Lula, em relação ao projeto de Jair Bolsonaro, que pretendia transformar o Brasil em nação-pária. A check list de boas mudanças é enorme.

Para começar, a recepção respeitosa que o presidente brasileiro atual tem nas reuniões de cúpula de que participou em vários países contrasta muito com o abandono de Bolsonaro em situações semelhantes — numa delas teve apenas um garçom como interlocutor, enquanto os chefes de Estado fingiam que ele não existia.

O chanceler brasileiro atual, Mauro Vieira, tem raciocínio e comportamento exemplares, algo muito diferente do lunático Ernesto Araújo, que sonhava acordado com as conspirações globalistas e as ameaças do comunismo que só ele enxergava. Não falava coisa com coisa e chegou a ser considerado o pior chanceler do planeta.

Outra diferença: o interesse de Lula em ajudar os brasileiros espalhados pelo mundo é genuíno, preocupação característica de um humanista. Por isso, mobilizou tudo o que pôde no governo para repatriar os compatriotas que estavam em Israel e em Gaza. Bolsonaro, todos lembram, exibiu indiferença bestial com o destino dos brasileiros ameaçados pela covid na China e também pela guerra na Ucrânia. O que importava para ele é que a operação seria dispendiosa.

A junção da competência tradicional da diplomacia brasileira, reconhecida mundialmente, com o talento que Lula sempre mostrou para a negociação, produziu resultados positivos no atual conflito.

O Brasil foi o primeiro país a tirar cidadãos de Israel, após o ataque do Hamas. Chegou a ser procurado por Paraguai e Chile, que pediram ajuda.

Também a retirada dos brasileiros do norte para o sul de Gaza foi feita com sucesso.

Alguém poderia imaginar Ernesto Araújo coordenando essa estratégia? Ou Bolsonaro?

Mesmo diante de todo esse trabalho exaustivo, a extrema direita aproveitou que a proposição brasileira de pausa humanitária no conflito foi rejeitada na ONU para detonar uma campanha ridícula nas redes sociais.

Subiram a hsahtag “Lula Anão Diplomático”, que artificialmente chegou aos trend topics. É uma estratégia casada com o site antipetista O Antagonista, que em uma de suas publicações, a revista Crusoé, cunhou o apelido.

No mundo paralelo da extrema direita, portanto, a diplomacia brasileira é um fracasso.

No mundo real, todos os especialistas reconhecem que as negociações brasileiras na ONU avançaram muito mais do que era esperado — a proposição do Brasil teve mais votos que a da Rússia.

Não foi à frente apenas pelo veto da potência que é aliada de Israel e que historicamente demonstra especial tara por guerras: os Estados Unidos.

Ainda assim, Mauro Vieira e sua equipe saem das tratativas com a respeitabilidade internacional maior do que quando entraram.

Menos para O Antagonista, bolsonaristas e outras espécies correlatas, para quem o Brasil estava muito melhor nas mãos do abilolado Ernesto Araújo.

Talvez, para bem de nossa saúde mental, seja melhor não contrariar essa gente e deixá-los se divertindo nas redes sociais, enquanto o governo brasileiro trabalha sério nas negociações pela paz.

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