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Alckmin discute sobretaxas de Trump com secretário do Comércio dos EUA nesta 5ª

Conforme a agenda oficial do vice-presidente, a conversa será por videoconferência, às 17h30
06/03/2025 | 10h13
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Em meio ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra os principais parceiros comerciais do país, o vice-presidente e ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin, terá uma reunião virtual nesta quinta-feira (7), no fim da tarde, com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.

Conforme a agenda oficial do vice-presidente, a conversa será por videoconferência, às 17h30, diretamente da Vice-Presidência da República, em Brasília.

O Executivo brasileiro busca um diálogo com o governo estadunidense em meio à escalada da guerra fiscal que vem sendo promovida por Trump nos últimos dias, agitando os mercados globais e provocando reações de países como Canadá, México e China, os mais atingidos até o momento pelas sobretaxas a produtos importados pelos EUA.

Os governos chinês e canadense deram as respostas mais duras até o momento, também ampliando tarifas sobre produtos comprados dos Estados Unidos.

No caso brasileiro, Trump anunciou no mês passado que implementaria sobretaxas ao aço e alumínio importados. O Brasil é o segundo maior exportador de aço aos EUA, atrás somente do Canadá. Outros produtos, no entanto, também estão na mira do republicano.

A reunião de Alckmin e Lutnick estava marcada para a sexta-feira passada (28), de forma virtual. O encontro, no entanto, acabou não acontecendo.

Por ora, o governo brasileiro tem adotado uma postura cautelosa. No encontro, Alckmin deverá argumentar que as exportações brasileiras não representam uma ameaça às indústrias norte-americanas, como Trump quer fazer crer. O vice-presidente deve explorar o fato de que as economias não são concorrentes, mas sim, complementares.

Além da tarifa de 25% sobre as importações norte-americanas de aço e alumínio, Trump anunciou um memorando para estudar a aplicação de tarifas recíprocas, que devem valer a partir de 2 de abril.

Produtos brasileiros que podem ser afetados pelas tarifas de Trump

O Brasil foi um dos alvos de Trump durante longo discurso ao Congresso norte-americano, na terça-feira (4). Ele acusou o país de cobrar tarifas desiguais e “injustas” dos produtores norte-americanos.

Mas, embora o país não seja o alvo direto do tarifaço anunciado até o momento, produtos como etanol, madeira, além do aço e alumínio, podem ser atingidos.

Os EUA recebem, por exemplo, 42,4% das exportações do setor madeireiro do Brasil. Trump já anunciou tarifa de 25% sobre produtos florestais importados.

O etanol, que foi mencionado por Trump, pode sofrer com a política de tarifas recíprocas, já que o Brasil cobra 18% de tarifa sobre o etanol americano, enquanto os EUA taxam o produto brasileiro em 2,5%, como parte de um acorde internacional.

Aço e alumínio, além do petróleo, são outros produtos que podem ser atingidos pela política de Trump.

Apesar do risco de perdas, especialistas apontam que a guerra comercial dos EUA com China, México e Canadá pode abrir espaço para produtos brasileiros, pois esses países devem buscar novos parceiros comerciais.

As idas e vindas de Trump

A guerra comercial de Trump com seus principais parceiros comerciais é marcada por alguns recuos.

No início desta semana, Trump provocou queda generalizada nas bolsas do mundo e desvalorização do dólar ao tirar do papel as ameaças de impor tarifas de 25% a todos os produtos exportados pelos vizinhos Canadá e México para os EUA, e ter elevado de 10% para 20% a taxação de itens da China.

Mas, na quarta-feira (5), ele anunciou isenção à indústria automobilística americana do pagamento dessas tarifas sobre os carros e autopeças que as montadoras trazem dos países vizinhos. E tem sido assim desde que o republicano tomou posse, em 20 de janeiro.

No início de fevereiro, Trump anunciou tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México e um adicional de 10% sobre todos os produtos chineses, a partir de 4 de fevereiro. Porém, Canadá e México conseguiram a suspensão da medida por 30 dias. A China, no entanto, não obteve o mesmo benefício e revidou com barreiras aduaneiras a produtos estadunidenses.

Em 11 de fevereiro, Trump prometeu impor tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados, o que atinge diretamente o Brasil, segundo maior exportador de aço aos EUA. O republicano anunciou que as medidas devem entrar em vigor em 12 de março.

Dois dias depois, ele anunciou que imporia tarifas recíprocas contra países que taxam produtos dos EUA. O documento cita o caso do etanol americano, taxado em 18% pelo Brasil. Essas sobretaxas devem entrar em vigor em 2 de abril.

Em 26 de fevereiro, o alvo do republicano virou a União Europeia. Ele disse que os produtos do bloco serão alvo de sobretaxas de 25%.

Fora da União Europeia, Trump recebeu recentemente o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e afirmou que os dois países estão assinando um acordo comercial “muito bom”.

Mais recentemente, em 2 de março, o secretário de Comércio dos EUA disse à Fox News que as tarifas sobre Canadá e México poderiam ficar abaixo de 25%.

No dia seguinte, Trump declarou que vai impor novas tarifas sobre importações de produtos agrícolas a partir de 2 de abril, sem dar detalhes. Ele ainda confirma a entrada em vigor das tarifas sobre Canadá e México e anuncia novas taxas de 10% sobre produtos chineses.

Na terça-feira, entraram em vigor as tarifas sobre os três países, que anunciaram retaliações. Ontem, os EUA afirmaram que os veículos e autopeças oriundos de Canadá e México ficarão isentos das tarifas por um mês.

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