O Brasil defenderá a permanência da Rússia no G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, afirmou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Carlos França, na segunda-feira (18). A postura está sendo adotada também pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, nas reuniões do G20, do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial que ocorrem em Washington nesta semana.
“Ao G20, já manifestamos claramente a posição para que a Rússia pudesse participar da cúpula de líderes. A exclusão da Rússia não ataca o verdadeiro problema, que é o conflito”, disse Carlos França em entrevista coletiva ao lado da diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala.
Os Estados Unidos anunciaram ontem que pretendem retirar-se das reuniões do G20 em que diplomatas e demais membros do governo russo estiverem presentes.
Bolsonaro pede ajuda à OMC para manter fluxo de fertilizantes
Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro pediu ajuda à Organização Mundial do Comércio (OMC) para garantir uma espécie de “salvo-conduto” ao fluxo de fertilizantes importados de países que sofreram sanções econômicas e financeiras por causa da guerra na Ucrânia.
Os alvos das medidas restritivas são a Rússia e Belarus, dois dos principais exportadores dos insumos ao agronegócio brasileiro. Desde o início da guerra, provocada pela invasão militar russa à Ucrânia, o governo Bolsonaro lançou um plano nacional de fertilizantes e tenta obter fornecedores alternativos para evitar impactos na produção de alimentos no campo e inflação.
A ajuda diplomática da OMC foi discutida em Brasília, durante audiência reservada de Bolsonaro com a diretora-geral da organização. Ela teve apoio do Brasil para chegar ao cargo.
Depois do encontro com Bolsonaro no Palácio do Planalto, ela sinalizou ser favorável, mas disse que precisa submeter a proposta brasileira à consideração dos demais membros da OMC – e não só aos Estados Unidos.
Na reunião com a diretora-geral da OMC em Brasília, o ministro Carlos França disse que o Brasil pediu a interferência da organização contra as sanções a fertilizantes e insumos agrícolas importados da Rússia. Segundo o chanceler, o organismo internacional deve atuar para evitar o agravamento dos desequilíbrios alimentares em todo o planeta, já que a Rússia é um dos principais produtores mundiais de fertilizantes químicos.
De acordo com França, é necessário manter o livre fluxo das matérias-primas para a agricultura e impedir a interrupção das cadeias de produção de alimentos. Além da Rússia, as sanções abrangem as importações de Belarus, outro grande produtor de insumos agrícolas (e aliado dos russos na invasão à Ucrânia).
Sobre o pedido de interferência da OMC, a diretora-geral do órgão prometeu que analisará a questão. “Vou trabalhar nisso e ver o que pode ser feito”, declarou Ngozi Okonjo-Iweala, que faz sua primeira viagem à América Latina no cargo. Ela afirmou ter pedido a Carlos França e ao presidente Jair Bolsonaro que o Brasil venda ao exterior parte dos estoques reguladores de alimentos para regular a oferta de comida em momentos de escassez.
O chanceler brasileiro respondeu que o Brasil busca ampliar o papel na segurança alimentar do planeta e disse que o agronegócio do país manteve as exportações até nos momentos mais críticos da pandemia, sem deixar de vender ao exterior. “Os contratos foram mantidos e honrados”.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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