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Com alta de 0,34%, prévia da inflação desacelera em dezembro

IPCA-15 fecha 2024 em 4,71%, acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional
27/12/2024 | 09h27
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O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), considerado a prévia da inflação, apresentou alta de 0,34% em dezembro, e fechou o ano de 2024 com variação acumulada de 4,71%. Em 2023, a prévia da inflação havia sido de 4,72%, sendo de 0,40% em dezembro. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Já o IPCA-E, que é o IPCA-15 acumulado trimestralmente, ficou em 1,51% para o período entre outubro e dezembro deste ano.

O indicador desacelerou ante o visto em novembro, quando subiu 0,62%. Mas, no ano, a prévia de inflação ficou acima do teto da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O centro da meta perseguida pelo Banco Central é de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.

Se o IPCA, indicador cheio, ficar mesmo acima de 4,5%, isso obriga o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a escrever uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões de não ter conseguido ficar dentro da meta apesar das altas da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 12,25% ao ano. Em seus quatro anos à frente do BC, somente no ano passado Campos Neto conseguiu cumprir a meta. Em 2021, 2022 e, agora, em 2024, a meta foi descumprida.

Prévia da inflação foi puxada, principalmente, pelo grupo alimentação e bebidas

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram alta em dezembro. Alimentação e bebidas foi responsável não só pela maior variação (1,47%), como também pelo impacto positivo mais acentuado (0,32 p.p.). A maior variação acumulada no ano (8,00%) e a maior contribuição (1,68 p.p.) foram do mesmo grupo.

Em dezembro de 2024, vale mencionar também os resultados de Despesas pessoais (1,36% e 0,14 p.p.) e Transportes (0,46% e 0,09 p.p.). Pelo lado negativo, o impacto mais expressivo em dezembro foi do grupo Habitação (-0,20 p.p. e -1,32%). Os demais ficaram entre o recuo de 0,52% de Artigos de residência, e o avanço de 0,34% de Vestuário.

No grupo Alimentação e Bebidas, a alimentação no domicílio registrou variação de 1,56% em dezembro. Os aumentos do óleo de soja (9,21%), da alcatra (9,02%), do contrafilé (8,33%) e da carne de porco (8,14%) contribuíram para esse resultado. No sentido oposto, destacaram-se a batata-inglesa (-9,85%), o tomate (-6,71%) e o leite longa vida (-2,42%).

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, acelerou de 0,57% em novembro para 1,23% em dezembro. A refeição (1,34%) e o lanche (1,26%) tiveram variações superiores às observadas em novembro (0,38% e 0,78%, respectivamente).

Em Despesas pessoais, a alta do cigarro (12,78%) foi determinante para o desempenho do segmento. Isso foi consequência do aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, incidente sobre cigarros, a partir de 1º de novembro. Também houve altas nos subitens cinema, teatro e concertos (2,58%) e cabeleireiro e barbeiro (1,37%).

No grupo Transportes, o subitem passagem aérea subiu 4,43% em dezembro. Em combustíveis (0,09%), foram observados aumentos nos preços do etanol (0,80%) e do óleo diesel (0,41%), enquanto a gasolina (-0,01%) e o gás veicular (-0,12%) apresentaram variações negativas. Além disso, o subitem ônibus urbano subiu 1,20%, após gratuidades concedidas nas passagens no segundo turno das eleições municipais em diversas áreas contempladas pela pesquisa em outubro.

No lado das quedas, cujo maior destaque foi o grupo Habitação, a energia elétrica residencial recuou 5,72% em dezembro, em decorrência do retorno da vigência da bandeira tarifária verde, a partir de 1º de dezembro, com a qual não há cobrança adicional nas faturas. Em novembro, vigorou a bandeira tarifária amarela. Ocorreram, ainda, reajustes tarifários nas seguintes capitais brasileiras: Brasília, São Paulo, Porto Alegre e Goiânia.

Outro destaque de Habitação foi o resultado da taxa de água e esgoto (0,32%), após reajuste de 9,83% nas tarifas do Rio de Janeiro (3,93%) a partir de 1º de dezembro. Já o recuo do gás encanado (-0,10%) decorre da redução tarifária de 0,51% no Rio de Janeiro (-0,32%), a partir de 1º de novembro.

Em 2024, alimentos tiveram o maior impacto no IPCA-15

No topo da lista dos maiores impactos de 2024 está o grupo Alimentação e bebidas. A maior variação acumulada e a maior contribuição no ano foram do setor (8,00% e 1,68 p.p., respectivamente). A maior contribuição desse grupo veio do subitem refeição (0,21 p.p.), que apresentou variação no ano de 5,72%.

Com variação de 6,03%, o segundo maior impacto neste ano veio do grupo Saúde e cuidados pessoais (0,80 p.p.). Em terceiro lugar no ranking ficou Habitação (0,53 p.p), que mostrou variação acumulada de 3,44%.

Salvador apresentou o maior avanço de preços em dezembro

Quanto aos índices regionais, nove das 11 áreas pesquisadas tiveram alta em dezembro. A maior variação foi observada em Salvador (0,66%), por conta das altas da gasolina (4,54%) e da passagem aérea (15,35%). Já o menor resultado ocorreu em Brasília (-0,04%), que registrou queda nos preços da energia elétrica residencial (-7,66%) e da gasolina (-3,03%).

No ano, as variações mais intensas foram verificadas em Belo Horizonte, que apresentou variação de 6,20%; em Belém, cuja variação foi de 4,98%; e em Goiânia, com 4,87% de variação.

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