Em um claro aceno ao mercado financeiro, o presidente Lula (PT) gravou um vídeo, nesta sexta-feira (20), ao lado do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para garantir que “jamais haverá interferência” na gestão do futuro chefe da autoridade monetária.
Ao lado deles, estavam os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Rui Costa (Casa Civil).
“Por isso que quero te desejar boa sorte, que Deus te abençoe. Eu quero que você saiba que jamais, jamais haverá da parte da presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central”, disse o petista a Galípolo.
A fala de Lula vem no momento de transição no BC e com alta volatilidade no mercado financeiro nos últimos dias. Ontem (19), o dólar caiu depois que a autoridade monetária realizou leilões para conter o câmbio e o Congresso aprovou o pacote fiscal do governo. Além disso, Galípolo e Roberto Campos Neto, que está deixará a presidência do BC em 31 de dezembro, deram entrevista coletiva juntos, o que também ajudou a acalmar o mercado.
Galípolo comandará o Banco Central entre 2025 e 2028. Lula afirmou a Galípolo que ele será o “presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve”, e que chegou ao cargo por uma “relação de confiança minha e de toda a equipe do governo”.
Lula diz que segue convicto da importância da estabilidade econômica
O presidente Lula também declarou que segue convicto da importância da estabilidade econômica e que seguirá atento à necessidade de novas medidas de ajuste fiscal garantir a viabilidade do arcabouço fiscal.
“E eu queria dizer para o Galípolo que seguimos mais convictos do que que nunca que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras. Tomamos as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal e seguiremos atentos à necessidade de novas medidas”, disse o petista.
A fala de Lula converge com o que foi dito mais cedo pelo ministro Haddad em café da manhã a jornalistas. O mandatário da Fazenda minimizou a desidratação do pacote fiscal pelo Congresso e afirmou que, em 2025, se necessário for, novas regras de cortes de gastos virão.
Desde que assumiu o governo, em janeiro de 2023, Lula tem sido ferrenho crítico da atuação de Campos Neto à frente do BC, mas não sem razão. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto teve uma atuação mais política do que técnica, contribuindo para inflamar o mercado em momentos sensíveis.
O presidente considera exagerado o patamar da taxa Selic, que chegou a 12,25% ao ano e, conforme previsto na ata da última reunião do Copom, pode chegar a 14,25% em março do ano que vem.
O Banco Central utiliza a taxa de juros para auxiliar no controle da inflação. Lula entende que o patamar está elevado demais, o que encarece investimentos e crédito no país, o que é verdade.
Atual diretor de Política Monetária do Banco Central, Galípolo tem votado em consonância com os demais membros do Copom. Como indicado de Lula, o economista tenta ganhar a confiança do mercado em um momento de extrema pressão do mercado financeiro sobre o Executivo.
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