Ao longo de 16 anos, produtores brasileiros substituíram as áreas plantadas de arroz e feijão para darem lugar à soja e ao milho, que podem ser exportados e, por isso, dão lucros maiores. Porém, desde a safra 2022/2023, essas áreas plantadas até cresceram um pouco, segundo reportagem do g1.
Apesar de serem menores do que há 19 anos, as áreas plantadas de arroz e de feijão cresceram 6% e 16%, respectivamente, da safra de 2022/23 para a deste ano, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
No período de 2006 a 2022, a área plantada para produção de arroz e feijão deu lugar à de milho e soja no país. De acordo com dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a área de plantio de arroz caiu 44% no período, enquanto a de feijão, 32%. Por outro lado, o espaço da produção de soja subiu 86% e o do milho, 66%. Essa inversão ocorreu principalmente porque os produtores conseguem exportar os dois grãos, cujo maior principal comprador é a China.
Essa troca não afetou o abastecimento do mercado brasileiro com os principais ingredientes do tradicional prato do brasileiro, pois a produção de arroz e feijão tem sido compatível com o consumo da população.
Em março, a inflação do país ficou em 0,43% em abril, após registrar 0,56% no mês anterior. O grupo Alimentação e bebidas (0,82%) exerceu o maior impacto no índice, com 0,18 ponto percentual (p.p.).
Por outro lado, o arroz e o feijão têm ficado mais barato. No acumulado dos 12 meses até fevereiro, o preço do arroz caiu 4% e o do feijão, 24,35%, segundo o IPCA.
No Brasil, a área plantada de arroz vinha dando lugar às plantações de soja, milho e pastos. Mas as colheitas do cereal e de feijão se mantêm quase a mesma de 19 anos atrás, devido ao crescimento da produtividade. E, apesar de o volume ser menor do que o da soja e o do milho, o país ainda consegue suprir a necessidade de consumo interno.
Área plantada: menor custo e mais lucro
Do ponto de vista de quem produz, a troca na área plantada de arroz e feijão por soja e milho se deve ao fato de esses dois ingredientes são commodities, ou seja, são negociadas nos mercados internacionais em dólar e podem ser exportados. Portanto, o lucro é maior.
Além disso, as produções são mais baratas que a do arroz e do feijão, que também têm lucros menores. Por essa razão, muitos produtores se sentiram desmotivados a continuar e fizeram a troca, conforme especialistas ouvidos pela reportagem do g1.
Somado a isso, a disparada do dólar elevou os custos de produção, pois os fertilizantes e defensivos usados nas produções de arroz e feijão, que são comprados na moeda norte-americana, ficaram mais caros.
Segundo esses especialistas, enquanto plantar milho custa cerca de R$ 7 mil por hectare e a soja, R$ 6 mil, o arroz ultrapassa R$ 12 mil e o feijão, R$ 13 mil. Os dados são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Entram ainda nessa conta custos logísticos, com máquinas e funcionários, que engrossam os gastos das produções de arroz e feijão.
O arroz entrou em evidência durante as enchentes no Rio Grande do Sul, ocorridas há cerca de um ano. Isso porque o estado é o maior produtor do cereal no país.
Mas, independentemente desse problema, o faturamento dos produtores subiu de R$ 18 bilhões em 2006 para R$ 25 bilhões no ano passado, segundo dados da Conab, pois houve aumento da demanda e melhora nos preços.
Produtividade maior x demanda menor
Embora a área de plantio tenha caído, houve melhora na produção. Hoje, o agricultor consegue colher mais arroz e feijão por hectare do que há 19 anos.
A produção brasileira de arroz e feijão é voltada quase integralmente para o mercado brasileiro. Apenas 12,5% do arroz da safra 2023/2024 foi exportado, segundo dados da Conab. Em relação ao feijão, esse número cai para 10%.
Há, porém, uma mudança no comportamento do consumo do brasileiro para esses alimentos. De 2008 a 2018, a média de consumo diário de feijão por pessoa foi de 183 gramas para 163,2 gramas. No caso do arroz, essa média recuou de 160,3 gramas para 131,4 gramas, conforme a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE.
A redução aconteceu principalmente pelo aumento do poder de compra do brasileiro nos anos 2000, que incentivou o consumo de outros produtos, como fast food.
Outro aspecto é que, a falta de dinheiro na camada mais pobre da população também faz com que o consumo caia.
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