O ano de 2023 terminou e nada melhor do que fazer um breve levantamento dele neste artigo para podermos relembrar o que de mais marcante tivemos na economia. A primeira coisa que fica claro é que foi um ano de reconstrução, tanto social quanto econômica, depois do desastre que foi a gestão Paulo Guedes no governo Bolsonaro. Foram recriados ministérios importantes, como a Fazenda e o Planejamento, que agora atuam separados, o que permitiu um trabalho melhor do governo nas questões econômicas.
Outra marca dessa reconstrução foi a retomada de antigos programas sociais, e também da salvação de algumas outras medidas econômicas que estavam quase sem recursos devido ao descaso do governo anterior.
O Bolsa Família voltou com seu intuito e regras originais, além do Minha Casa e Minha Vida, que garantiu o crédito para a população mais pobre financiar seus apartamentos, diferente do que ocorria entre 2019 e 2022, quando o programa acabava ajudando mesmo pessoas de classe média e alta a financiar seus imóveis. E o melhor foi a volta do reajuste do salário mínimo acima da inflação, que aumentou o poder de compra do trabalhador.
Além disso, boas regras e ideias foram criadas. O grande destaque fica para o programa Desenrola Brasil, que permitiu a renegociação de dívidas que o brasileiro tinha feito até o ano de 2022. Isso possibilitou muita gente a ter alguma folga financeira, já que o endividamento tirou a capacidade de muitos brasileiros conseguirem usar sua renda para algo mais do que o sustento básico.
A melhor notícia do ano que passou, entretanto, foi a inflação. Esta ficou dentro do controle depois de dois anos de problemas, devido às boas condições climáticas que geraram um aumento da produção interna de alimentos ao mesmo tempo em que as novas políticas de preço da Petrobras ajudaram a diminui as pressões vindas dos combustíveis.
Com isso, a taxa básica de juros (Selic) também passou a cair, o que deve melhorar o cenário econômico no médio prazo, já que isto pode ajudar no nível de investimento da economia com crédito mais barato e menor lucratividade necessária para compensar o investimento inicial.
O ano que passou também foi marcado pelas reformas, com especial destaque para a reforma tributária. Com ela, temos uma simplificação dos impostos sobre o consumo que, aos poucos, será implementada no Brasil.
A reforma poderia ter sido melhor, principalmente devido ao excesso de exceções que foram abertas, fruto do intenso lobby ocorrido no Congresso. No entanto, foi um grande passo para uma melhora da situação tributária brasileira.
Além dessa, tivemos o polêmico novo arcabouço fiscal, com as novas regras para os gastos e receitas do governo. Mesmo sendo melhor que o teto de gastos, ainda é bastante regressiva e agradou demais o mercado financeiro.
A nova regra fiscal deve dificultar o crescimento do gasto público, o que é vital para o investimento do governo, que serve em muitos casos como um importante motor econômico. Com tal regra, a dependência do setor privado aumenta consideravelmente.
Em poucas palavras e bastante resumido, este foi o ano econômico brasileiro de 2023. Um momento de bons resultados, com a economia crescendo, gerando emprego, aumentando renda e, ao mesmo tempo, com uma inflação controlada. Alguns problemas estruturais econômicos também conseguiram ser resolvidos.
Foi um ano mais positivo do que negativo em termos gerais, mesmo assim, é preciso ficar atento para o que vai acontecer durante este segundo ano do governo Lula 3, que deve apresentar desafios maiores do que foram vistos até este momento.
*Deborah Magagna é economista do ICL, graduada pela PUC-SP, com pós-graduação em Finanças Avançadas pelo INSPER. Especialista em investimentos e mercados de capitais
*André Campedelli é economista do ICL e professor de Economia. Doutorando pela Unicamp, mestre e graduado em Ciências Econômicas pela PUC-SP, com trabalhos focados em conjuntura macroeconômica brasileira
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