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Economista do ICL comenta artimanha por detrás da crise dos ovos nos EUA

Surto de gripe aviária e consequente abatimento das aves fez com que o preço desse alimento essencial da cultura norte-americana disparasse
18/02/2025 | 07h15
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O ressurgimento da gripe aviária nos Estados Unidos está afetando um alimento essencial da cultura estadunidense: os ovos. Com o abatimento de aves pelos produtores, os preços dos ovos dispararam mais de 15% em um mês, na média.

Nos mercados, os ovos ‘premium’ atingiram um preço de mais de US$ 10 (cerca de R$ 57) a dúzia, e as versões básicas chegaram a US$ 6 (R$ 34) — mais que o dobro do preço normal. Isso está fazendo com que muitos norte-americanos recorram à produção de seus próprios ovos em casa.

ovos

O economista André Campedelli, apresentador do ICL Mercado e Investimentos. Crédito: Reprodução

O economista e apresentador do ICL Mercado e Investimentos, André Campedelli, comentou o assunto na edição de sexta-feira (14) do programa. “Está faltando ovos nas prateleiras dos Estados Unidos e pode elevar a inflação do país. Lá, o caso de gripe aviária está afetando boa parte das aves. Com isso, está tendo abate muito grande das aves lá”, disse.

Mas a situação por detrás da crise dos ovos revela o mais puro capitalismo selvagem, conforme explicou André. “Os seguros dessas empresas grandes [produtoras de ovos] contêm cláusulas milionárias. Então, essa empresas estão recebendo dinheiro das seguradoras por causa do abate de aves (…). Está valendo muito mais a pena para empresas receber esses seguros do que vender a carne [das aves] e os ovos. Ou seja, em vez de tentarem controlar a doença, estão deixando as aves se contaminarem para que possam receber o seguro”, explicou.

O recente ressurgimento da gripe aviária, que atingiu os Estados Unidos pela primeira vez em 2022, impactou duramente as grandes granjas avícolas.

Mais de 21 milhões de galinhas poedeiras foram sacrificadas neste ano devido à doença, de acordo com o Departamento da Agricultura dos EUA. Em dezembro, 13,2 milhões sofreram o mesmo destino.

Crise dos ovos e “eggflation”

A crise dos ovos fez com que alguns norte-americanos começassem a criar suas próprias galinhas em casa.

Segundo reportagem da France Press publicada no site g1, em várias cidades do Texas, como Houston, a criação de aves no quintal é permitida, desde que as normas de saúde sejam cumpridas.

Os ovos são um alimento muito consumido nos Estados Unidos, principalmente no café da manhã. Este item é tão importante que a disparada dos preços já vem sendo chamada de “eggflation”, pois já está afetando a inflação do país.

Com a divulgação do índice de inflação dos Estados Unidos pela US Bureau of Labor Statistics na semana passada, mostra que, enquanto os preços dos alimentos em geral subiu 2,5% em 12 meses, o preço dos ovos aumentou 53%.

Em janeiro, a inflação dos alimentos foi de 0,4%, sendo que o índice de carnes, aves, peixes e ovos subiu 1,9% ao longo do mês e o índice referente apenas aos ovos aumentou 15,2%.

Esse foi o maior aumento do índice de ovos desde junho de 2015 e foi responsável por cerca de dois terços do aumento total mensal da alimentação no domicílio.

Gado e humanos

Porém, a gripe aviária não se restringiu apenas às aves. O vírus também foi encontrado em vacas leiteiras.

Para piorar a situação, entre o início do ano passado e o último dia 10 de fevereiro, 68 humanos também foram detectados com o vírus, com uma morte confirmada de um homem.

A maioria está ligada ao contato conhecido com animais infectados, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).

O homem que morreu foi infectado “após exposição a uma combinação de aves selvagens e um bando de aves não comerciais”, segundo autoridades de saúde.

Porém, o CDC disse que o risco de gripe aviária para o público em geral continua “baixo”, mas emitiu diretrizes de segurança para proprietários de aves.

De acordo com o Centro, “pessoas com exposição ocupacional ou recreativa a aves ou outros animais infectados com este vírus correm maior risco de infecção”.

Assista ao comentário completo do economista André Campedelli no vídeo abaixo:

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