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Ata do Copom reafirma que aprovação do arcabouço fiscal pode ajudar no combate à inflação, mas desancora política monetária da proposta

Comitê diz em documento que "segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação", e não descarta possíveis novos ajustes na Selic
09/05/2023 | 16h09

A ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta manhã (9) pelo Banco Central, reafirma que a aprovação pelo Congresso Nacional de um arcabouço fiscal “sólido e crível” pode ajudar no combate à inflação ao reduzir as expectativas de pressões sobre os preços e incerteza na economia. Essa afirmação já havia sido feita em ata anterior. Por outro lado, o documento reforça o entendimento de que de que não há relação mecânica entre a política do BC e o novo arcabouço fiscal, apresentado pelo governo. Isso porque, na visão da autoridade monetária, a probabilidade de cenários mais extremos de trajetória da dívida pública diminuíram. Por outro lado, não houve mudança relevante nas projeções de inflação.

“O Comitê discutiu também os impactos do cenário fiscal sobre a inflação e avalia que a apresentação do arcabouço fiscal reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública. O Comitê seguirá acompanhando a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal apresentado pelo Governo e em apreciação no Congresso”, diz o ata da reunião realizada entre os dias 2 e 3 de maio, em que o Copom manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela sexta vez seguida, o maior patamar desde 2016.

Na avaliação do BC, a pressão inflacionária ao consumidor “continua elevada” e as expectativas de inflação para os próximos anos “seguem desancoradas” (estão acima) das metas definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional.

Em março, a inflação oficial subiu 0,71%. Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% na janela de 12 meses. É o menor valor para 12 meses desde janeiro de 2021. No entanto, o Copom avaliou que a inflação está baixa por enquanto, mas tende a acelerar no futuro com o fim desse efeito estatístico da queda da pressão dos preços dos combustíveis.

Na ata, o Copom reafirma que o “processo desinflacionário em seu atual estágio demanda serenidade e paciência na condução da política monetária”, mas manter a taxa básica de juros no atual patamar, além de não fazer sentido algum, prejudica a retomada econômica, segundo argumento dos economistas do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) e de integrantes do governo.

O último Boletim Focus do BC, divulgado ontem (8), mostra que as cem instituições financeiras consultadas reduziram de 6,05% para 6,02% as projeções de inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), para este ano. Em 2024, a projeção da inflação ficou em 4,16%. Para 2025 e 2026, as previsões são de inflação de 4% para os dois anos.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já disse que manter a Selic no patamar atual, o maior desde 2016, é essencial para se atingir a meta perseguida, que é de 3,25% este ano, que será considerada cumprida se variar 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

No entanto, não se tem cumprido a meta de inflação, a despeito da Selic alta. A expectativa é de que, neste ano, haja novamente estouro da meta, conforme previsões do próprio BC, o que escancara a ineficiência da política monetária que vem sendo adotada.

Ata do Copom sinaliza que ciclo de aperto continuará. Nomeação de Gabriel Galípolo ao BC pode ser o contraponto necessário

O Comitê diz que “segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação” e indica que, “apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Ou seja, o sinal esperado pelo governo e por parte do empresariado que quer investir no país, de quando a fivela do aperto da taxa de juros vai afrouxar, não foi dado, o que denota a teimosia pura da direção do BC de manter a queda de braço com o governo, principalmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, crítico ferrenho dos juros atuais.

No entanto, pode-se dizer que um passo importante foi dado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou o número 2 da pasta, o economista Gabriel Galípolo, para a diretoria de política monetária do Banco Central. Como diretor de Fiscalização, foi indicado o servidor Ailton Aquino dos Santos. A decisão do ministro foi anunciada em meio às críticas do mercado sobre a ida do então secretário-executivo do ministério ao posto no BC.

Importante ressaltar que, sozinhos, nenhum dos dois consegue definir os rumos da taxa Selic. Mas a estratégia do governo é garantir “maioria” no Copom ainda este ano. Outros dois nomes serão indicados pelo governo em dezembro. Todas as indicações precisam passar pelo Senado.

O mandato de Campos Neto à frente do BC termina em 2024. E Haddad nunca escondeu que Galípolo sempre foi o seu preferido para substituir o atual presidente da instituição.

A indicação dele agora para a diretoria mais importante do BC é tida no governo como um aceno ao diálogo, além de um contraponto à atual gestão. Além disso, o governo que colocar a discussão dos juros no país em novo patamar.

Por Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e O Globo

 

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