Segundo a ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto do Banco Central americano (Fomc, na sigla em inglês), divulgada nesta quarta-feira (6), os membros do Federal Reserve concordam, “no geral”, em encolher o balanço patrimonial da autoridade monetária ao passo de cerca de US$ 95 bilhões em etapas.
Havia no mercado uma expectativa de que a ata do encontro indicasse a rapidez e até que ponto os formuladores de política monetária vão agir para se “livrar” dos US$ 4,6 trilhões em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas acumulados desde março de 2020, além de fornecer mais informações sobre o ritmo de alta dos juros pela autoridade monetária.
As autoridades, “no geral”, concordaram que um limite de redução em US$ 60 bilhões em títulos do Tesouro por mês e em US$ 35 bilhões em títulos lastreados em hipotecas, por um período de três ou “um pouco” mais, seria adequado. A ata, divulgada hoje, refere-se à reunião realizada em 16 de março, quando houve o anúncio do primeiro aumento de juros desde 2018 pela autoridade monetária, em 0,25 ponto percentual.
Nenhuma decisão final foi tomada, segundo a ata, mas as autoridades fizeram “progressos substanciais” e poderiam “começar o processo de redução do tamanho do balanço patrimonial logo após a conclusão” da reunião de política de 3 a 4 de maio, apontou o documento.
A ata da última reunião ainda indicou que muitos dirigentes consideram possível alta de 0,5 ponto percentual nos juros nas próximas reuniões, um debate que vem ganhando força no mercado em meio à persistência da inflação.
Na discussão de política monetária durante a última reunião, os membros do comitê concordaram que os indicadores de atividade econômica e emprego continuaram se fortalecendo. Os ganhos de emprego foram fortes nos últimos meses e a taxa de desemprego diminuiu substancialmente.
Também os membros concordaram que a inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios contínuos de oferta e demanda, preços de energia mais altos e pressões de preços maiores.
Além disso, após a ata, os membros do Fed concordaram que a invasão da Ucrânia pela Rússia estava causando enormes dificuldades humanas e econômicas, apontando que as implicações da guerra para a economia dos EUA são muito incertas. Contudo, julgaram que, no curto prazo, a invasão e os eventos relacionados provavelmente criariam uma pressão adicional sobre a inflação e pesariam sobre a atividade econômica.
Paciência do Fed com a inflação nos EUA acabou
Na última terça-feira (5), Lael Brainard, indicada no fim do ano passado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, para ser vice-presidente do Fed, disse que “é fundamental baixar a inflação” e que o Fed vai apertar “metodicamente” a política monetária americana, por meio de “uma série de altas nos juros” e pela redução “acelerada” do balanço do banco central americano, já a partir da reunião marcada para os dias 3 e 4 de maio.
No mesmo dia, Mary Daly, presidente da divisão do Fed em San Francisco, disse em um discurso que a inflação americana, em seus níveis mais altos em quatro décadas “é tão prejudicial para as pessoas quanto estarem desempregadas”. E que elevar os juros “é necessário para garantir que as pessoas possam ir dormir à noite sem temerem que os preços estejam muito mais altos quando acordarem no dia seguinte”.
“O que tornou essas declarações ainda mais relevantes é que tanto Lael Brainard quanto Mary Daly pertencem à ala ‘dovish’ do Fed. Ou seja, defendem uma abordagem mais tolerante com a inflação e uma atuação menos drástica em seu combate. Se, mesmo assim, ambas foram tão claras quanto à necessidade de combater a alta dos preços, fica evidente que a paciência do Fed com a inflação acabou”, aponta análise da Levante Ideias de Investimentos.
Com a alta do juro nos Estados Unidos, os planos de diminuir a carteira do Fed alimentam ainda mais a pressão sobre os mercados de crédito ao baixar a demanda pelos ativos que o banco central detém, o que aumenta a pressão sobre a taxa de juros
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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