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Atos golpistas de 8 de janeiro provocaram prejuízos acima de R$ 20 milhões ao STF, Planalto e Congresso

Dados foram obtidos pela Folha de S.Paulo via LAI (Lei de Acesso à Informação) e CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a ação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Valor, no entanto, deve ser maior
05/07/2023 | 17h09

O prejuízo causado pelos atos golpistas de 8 de janeiro ao STF (Supremo Tribunal Federal), Palácio do Planalto e Congresso Nacional já ultrapassa os R$ 20 milhões, conforme dados obtidos pela Folha de S.Paulo via LAI (Lei de Acesso à Informação) e CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a ação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Dos três poderes, o STF teve o maior prejuízo, no valor estimado em R$ 11,4 milhões, seguido por Congresso, com R$ 4,9 milhões (R$ 2,7 milhões na Câmara e R$ 2,2 milhões no Senado), e o Planalto, com R$ 4,3 milhões.

Contudo, o montante do prejuízo ainda deve crescer, pois há custos ainda não estimados e outros que não puderam ser calculados, devido ao valor simbólico histórico.

Entre esses últimos casos está o relógio francês do século 18, entregue pela corte francesa como um presente a dom João 6º, e que foi arremessado por duas vezes no chão no dia dos ataques. Segundo informações do jornal, há somente duas unidades do relógio produzido pelo artista Balthazar Martinot — o segundo está no Palácio de Versalhes, na França.

Outros itens vandalizados e com prejuízo não contabilizado são o armário usado como base para o relógio, uma ânfora em porcelana e uma cadeira de jacarandá.

O vândalo que danificou o relógio histórico é Antonio Claudio Alves Ferreira, 30, que foi preso pela Polícia Federal em 23 de janeiro na cidade de Uberlândia (MG). Em 8 de janeiro, ele usava uma camiseta com o rosto de Bolsonaro.

Atos golpistas: Coordenação-Geral de Gestão Patrimonial da Presidência identificou danos em 24 obras de arte

O maior prejuízo registrado pelo poder Executivo se referem a obras de arte vandalizadas. A Coordenação-Geral de Gestão Patrimonial da Presidência identificou avarias em 24 delas, segundo a Folha. Os custos em 15 delas somam R$ 3,5 milhões.

Em relação à estrutura do palácio, o maior gasto foi com a reposição da vidraçaria quebrada pelos vândalos (R$ 204 mil). Outros 149 itens desapareceram, entre eles oito armas de choque tipo spark elite 22.0, aparelhos de saúde (estetoscópio, nebulizador e glicosímetro), algemas, poltronas, gaveteiros e outros objetos.

No Congresso, o prejuízo maior também se refere a obras de arte e históricas danificadas vandalizadas pelos apoiadores do ex-presidente. Entre os exemplos está o Muro Escultório de Athos Bulcão, que fica no Salão Verde da Câmara, e que sofreu uma perfuração.

Já entre os furtos ocorridos no dia 8, há um presente do Qatar à Câmara, “The Pearl”, feito em ouro, pérola e couro, avaliado em R$ 5 mil.

A Câmara ainda vai precisar trocar todos os 2.000 metros quadrados de carpete do Salão Verde, a um custo de R$ 626 mil.

Já no Senado, a despesa mais alta diz respeito à restauração da pintura a óleo do século 19 que representa o “Ato de Assinatura da Primeira Constituição”, com 2,90 x 4,41 metros, e emoldurada em jacarandá maciço, folheado a ouro.

No dia dos atos antidemocráticos, os vândalos se penduraram na obra, que fica no museu do Senado, para tentar derrubá-la. A restauração completa da obra está estimada em R$ 800 mil.

A tapeçaria de Burle Marx, que foi urinada, rasgada e arranhada até com bolas de gude, tem custo de recuperação projetado em R$ 250 mil.

Pelos ataques, a Procuradoria-Geral da República já denunciou 1.390 pessoas. Dessas, o STF já aceitou a denúncia contra 1.290, o que os levou à condição de réus.

Também foi instaurada uma CPI mista no Congresso Nacional e investigações no âmbito da Justiça Federal e da AGU (Advocacia-Geral da União), que ajuizou ações para buscar o ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo
 

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