As concessões de empréstimos para empresas com recursos livres, quando as taxas são negociadas livremente entre bancos e clientes, somaram R$ 181,6 bilhões em janeiro, segundo dados do Banco Central. O valor representa um recuo de 24,8% em relação a dezembro de 2022, quando foram concedidos R$ 241,4 bilhões, divulgou o Banco Central, na segunda-feira (27). Diante da expectativa de calote da Americanas, bancos estão recuando e podem fazer maiores restrições para a concessão de crédito nos próximos meses.
Os dados de janeiro, em relação a dezembro, foram divulgados em meio ao temor crescente com a possibilidade de uma crise de crédito no país, puxada pelo alto patamar dos juros e pelo caso das Americanas. A taxa de juros Selic está em 13,75% ao ano.
Já o saldo de crédito para clientes corporativos nos recursos livres caiu 3,5%, de R$ 1,4 trilhão em dezembro de 2022 para R$ 1,357 trilhão em janeiro deste ano. No total, incluindo crédito direcionado (aquele que possui parâmetros regulamentados pelo governo), houve queda de 2,4%, para R$ 2,094 trilhões (ante R$ 2,145 trilhões).
O Banco Central reconheceu na noite desta quinta-feira (2), em nota divulgada na internet, que o Brasil passa por uma desaceleração do crédito em diversas modalidades, no mesmo dia em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar a autoridade monetária e disse que “logo logo” o país pode sofrer uma crise nos financiamentos.
A nota do BC foi divulgada após a reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef). Apesar de citar a desaceleração nos financiamentos, o BC afirmou, na nota, que o sistema financeiro brasileiro está preparado para enfrentar riscos e tem provisões adequadas para perdas de crédito. Ao mesmo tempo, o BC constatou incidentes em operações com empresas de pequeno porte e pessoas físicas, além de “casos pontuais” em empresas maiores.
Concessões totais de empréstimos para empresas e famílias no Brasil recuaram 15,3% em janeiro deste ano em relação a dezembro de 2022, mostra o Banco Central
O estoque total de crédito no Brasil caiu 0,3% no mês, a R$ 5,317 trilhões. Já as concessões totais de empréstimos para empresas e famílias no Brasil recuaram 15,3% em janeiro deste ano em relação a dezembro de 2022, informou também o Banco Central.
A inadimplência total no segmento de recursos livres ficou em 4,5% em janeiro, contra 4,2% no mês anterior. Em 12 meses, houve um aumento significativo de 1,2%.
Apenas entre pessoas jurídicas, a inadimplência atingiu 2,3% no primeiro mês deste ano, aumento de 0,2% na comparação com dezembro de 2022.
Nos últimos dias, o Ministério da Fazenda passou a emitir alertas mais contundentes sobre a possibilidade de uma crise de crédito no país. O caso Americanas, varejista que pediu recuperação judicial em janeiro após revelar problemas contábeis, também contribui ao ampliar a aversão dos bancos em conceder crédito.
Para uma ala de economistas, os riscos para a atividade econômica, o aumento da inadimplência e os sinais de maiores dificuldades financeiras enfrentadas por empresas podem levar o Banco Central a reavaliar seu cenário com a antecipação do corte da Selic.
Já outros consideram que o risco fiscal, traduzido na expansão de despesas e na ausência de um desenho concreto do novo arcabouço de gastos, e a inflação resiliente ainda são preponderantes e inspiram cautela, justificando a manutenção da política monetária adotada pelo BC.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S. Paulo e das agências de notícias
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