O Banco Central elevou a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024 de 3,2% (setembro) para 3,5%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (19). Para 2025, a previsão passou de 2,0% para 2,1%. No documento, o BC também admite que a inflação deve ficar acima do teto da meta novamente neste ano.
A mudança na projeção ocorre depois de o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ter divulgado avanço de 0,9% no PIB do terceiro trimestre.
Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, divulgada na terça-feira (17), disse que o PIB evidencia maior dinamismo da economia do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato do produto para um terreno mais positivo. Trocando em miúdos, isso significa que a autoridade monetária estima que a economia está superaquecida.
“No entanto, para a atividade futura, há elementos que sugerem uma desaceleração, tal como o maior aperto das condições financeiras. De todo modo, o Comitê ressalta que a economia tem surpreendido e apresentado notável resiliência”, avaliou o BC, na ata.
Porém, no RTI, o BC reforça que espera arrefecimento da economia no ano que vem, apesar das projeções mais altas. “Está mantida a perspectiva de desaceleração da economia no próximo ano”, disse no RTI.
Para 2025, o BC alerta que há riscos de origem interna e externa para a projeção de PIB de 2025. Na avaliação da autoridade monetária, a economia global pode ter expansão menor no ano que vem em relação a 2024 devido a fatores geopolíticos.
Mas, internamente, o BC destaca que o aperto recente nas condições financeiras, fruto da forte deterioração do mercado nos últimos dias, pode ter um impacto contracionista mais intenso do que o considerado. Mas isso pode ser compensado em parte pelo efeito das reformas estruturais dos últimos anos.
Apesar do PIB maior, BC prevê inflação acima do teto da meta
No relatório, o BC pontua que, ao mesmo tempo em que a taxa elevada de crescimento da economia favorece a queda do desemprego, que está no menor nível da série histórica, por outro lado, pressiona a inflação.
Segundo o próprio Banco Central, a inflação deve ficar acima do teto da meta novamente neste ano. Se confirmada a projeção, será a terceira vez que isso acontece durante o mandato de Roberto Campos Neto à frente da autoridade monetária. Somente no ano passada a meta de inflação foi cumprida.
Nesses casos, ele é obrigado a escrever uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões de não ter conseguido controlar a inflação apesar da política monetária mais contracionista.
O centro da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 3% para este e para o próximo ano, podendo oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
Na parcial de janeiro a novembro, Segundo o IBGE, a inflação somou 4,29%. A projeção do mercado é de que o IPCA some 0,58% em dezembro, segundo pesquisa do BC, levando o indicador do ano fechado acima de 4,5%.
Além da atividade econômica aquecida, outros os fatores que têm pressionado a inflação neste ano, segundo analistas, estão os efeitos climáticos, como secas, que impactaram, por alguns meses, os preços dos alimentos e, também, da energia elétrica — levando ao acionamento das bandeiras tarifárias para reduzir o consumo.
Relacionados
‘Ovo político’: mudança climática, inflação e vendas aos EUA criam desafio para Lula
Exportação de ovos brasileiros para os EUA quase dobrou em um ano, enquanto preço do alimento disparou nos dois países
Lula assina decreto que antecipa 13º salário dos aposentados para abril e maio
Pelo cronograma tradicional, os valores seriam depositados somente no segundo semestre
Ministério Público do DF investigará compra do Banco Master pelo BRB
Banco de Brasília diz que informou TCDF sobre a operação