Em mais uma tentativa de segurar a desvalorização cambial, o Banco Central anunciou que fará, na próxima quinta-feira (26), leilão de dólares no valor de US$ 3 bilhões no mercado à vista. Na véspera, a moeda norte-americana voltou a fechar com alta de 1,87%, cotada a R$ 6,185 na compra e R$ 6,186 na venda.
O real é a moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar ao longo de 2024. Esse movimento pode estar ligado à maior saída de dólares do país no mês de dezembro e, também, a um movimento especulativo do mercado financeiro.
Somente até o dia 19 de dezembro, o Brasil registrou a maior saída de dólares já registrada desde 2008 para o período, ano em que teve início a série histórica do Banco Central. Entre os dias 2 e 19 de dezembro, um total de US$ 14,699 bilhões deixaram o país.
Na semana passada, a autoridade monetária atuou quase todos os dias, seja com vendas spot ou leilões de linhas de crédito, para tentar atender à alta demanda por dólares. Até agora, foram gastos cerca de US$ 17 bilhões em vendas.
A modalidade de leilão previsto para quinta-feira funciona como uma injeção de dólares no mercado à vista, atenuando disfuncionalidades nas negociações e, consequentemente, diminuindo a cotação da moeda.
Argumento para fuga de dólares é preocupação com o fiscal
Nos últimos meses, o mercado financeiro começou a pressionar o governo por corte de gastos. Foi elaborado, então, um pacote fiscal que reduz as despesas do Executivo pelos próximos dois anos. A proposta foi aprovada na semana passada pelo Congresso, mas em uma versão mais desidratada.
A previsão inicial era de que as mudanças propostas gerariam uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, exatamente o valor pleiteado pelo mercado. Porém, o Congresso promoveu mudanças e, agora, a Fazenda calcula uma perda de economia de R$ 2 bilhões.
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou as possíveis razões para a disparada da cotação da moeda norte-americana no Brasil. Segundo ele, há uma movimentação atípica de dólares neste fim de ano, normalmente de empresas que enviam às suas matrizes parte dos lucros. Além disso, há também uma saída maior de recursos pelas pessoas físicas, por meio de plataformas de bancos.
As atuações do BC têm ajudado a conter a disparada do dólar ao dar liquidez para o fluxo de saída da moeda norte-americana.
Campos Neto afirmou que o país tem reservas internacionais em volume suficiente para agir quando necessário.
Na última sexta (20), o país totalizava US$ 347,644 bilhões em reservas internacionais. Elas funcionam como uma espécie de colchão de segurança contra choques externos, como crises cambiais ou fugas de capital, em momentos de turbulência no mercado global.
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