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Após a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) subscrever a carta em favor da democracia elaborada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou a apoiadores estar sendo perseguido pelos bancos. Segundo ele, a suposta perseguição dos bancos seria uma reação de empresários do sistema financeiro à criação do Pix e dos bancos digitais.

Na semana passada, Bolsonaro chegou a dizer que “deu uma paulada” nos bancos com o Pix, que permite que correntistas transfiram dinheiro entre contas sem pagar taxas. Dias antes, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), já havia afirmado que os bancos teriam perdido entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões por conta da nova tecnologia.

O Pix foi oficialmente lançado nos bancos em outubro de 2020, ou seja, durante o primeiro ano do governo Bolsonaro. No entanto, ainda em 2016, o então presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, já anunciava planos de criar uma ferramenta para transações bancárias instantâneas e gratuitas. O ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que durante o governo de Dilma Rousseff (PT) houve movimentações  para viabilizar o Pix nos bancos.

Isso quer dizer que a ferramenta aplicada nos bancos não foi uma iniciativa do governo Bolsonaro. Além disso, o Pix não tirou dinheiro dos bancos. Sem agências, os bancos gastam menos com segurança e para movimentação do dinheiro em papel. A transferência gratuita colabora para essa economia. Por esse motivo a Febraban sempre se posicionou favoravelmente à iniciativa, destacando os benefícios ao negócio dos bancos.

Ao contrário do que diz Bolsonaro, os bancos nunca ganharam tanto como neste governo. Só em 2021, as quatro maiores instituições financeiras do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) lucraram R$ 81,6 bilhões, segundo dados tabulados pela Economatica. Esse é o maior valor registrado na história.

Em 2020, ano em que a economia brasileira encolheu 3,9% por conta dos impactos da pandemia, esses bancos lucraram, juntos, outros R$ 61,6 bilhões. Já em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, o lucro somado das quatro instituições foi de R$ 81,5 bilhões.

A arrecadação dos bancos segue crescendo. No primeiro trimestre de 2022, foram outros R$ 24,3 bilhões em lucro para BB, Bradesco, Itaú e Santander – recorde trimestral. Comparado com o mesmo período de 2021, houve um crescimento de cerca de 30%.

Lucro dos Bancos

O crescimento do lucro dos bancos, em parte, se deve ao aumento de pessoas utilizando serviços das instituições financeiras. Esse número também cresceu durante o governo Bolsonaro.

Em 2019, 164,8 milhões de brasileiros tinham conta em banco. Em dezembro de 2021, esse número chegou a 182,2 milhões, segundo o BC.

A estrutura que os bancos mantêm para atender todos esses clientes, no entanto, está diminuindo desde 2017. Em 2016, as quatro instituições tinham 23,4 mil agências. O ano passado terminou com 18,3 mil agências abertas.

Brasil de Fato

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