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O setor agrícola aponta queda nas vendas de itens de necessidades básicas, como arroz e feijão, pela população de baixa renda. E o analista do setor de grãos, Vlamir Brandalizze, põe a culpa nas bets, apostas on-line.

Em entrevista à coluna Vaivém das Commodities, da Folha de S.Paulo, assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, ele explica que não há pesquisas concretas mostrando a queda, mas essa tendência é mostrada em análises de perfis de gastos feitos pelos varejistas no mês de setembro, outubro e novembro.

A redução na compra desses itens é mostrada principalmente entre a população de baixa renda beneficiária do programa Bolsa Família.

Segundo ele, essa tendência afeta todo o setor, pois, ao comprar menos arroz e feijão, o consumidor força o varejo a exigir preços menores da indústria, que, por sua vez, paga menos ao produtor.

Há diversos estudos mostrando que o brasileiro está deixando de comprar itens de necessidades básicas e de estudar, por exemplo, para perder dinheiro com as bets. Isso acontece principalmente entre as faixas de renda menores.

O mais recente deles, feito pelo banco Santander, mostra que subiu de 0,27%, em 2018, para 1,38%, em 2023, os gastos no orçamento dos brasileiros das classes D e E (até R$ 5.648 mensais) com as apostas on-line. No mesmo período, na parcela mais rica da população (classe A – mais de R$ 28.240 mensais), os valores despendidos passaram de 0,15% para 0,36%. Isso significa que os mais pobres passaram a destinar quatro vezes mais do orçamento com as apostas do que os mais abastados.

Em valores médios, os gastos dos lares brasileiros com apostas esportivas cresceram de 0,2% para 0,7% no período avaliado.

O ICL (Instituto Conhecimento Liberta) saiu na frente e lançou uma campanha para denunciar esse que já se tornou um problema de saúde pública no Brasil. O instituto lançou o documentário “Bets: Apostas Online – O Jogo Sujo que Ninguém Comenta”, com alertas sobre o perigo das apostas.

Bets: valor do ticket médio de compra cai até 40%

Vlamir Brandalizze diz que, em algumas cadeias de vendas, houve queda de até 40% no ticket médio de compra de alguns produtos.

“A questão é cultural, e há a noção de que você deve ganhar alguma coisa de forma rápida e fácil. Além disso, por trás desses jogos há um pessoal muito esperto em marketing e especialistas em provocar o interesse nos jogadores”, afirma o analista.

Em novembro, as indústrias antecipam as vendas de grãos, pois a partir da segunda quinzena de dezembro encerram as atividades para limpeza das máquinas e férias dos funcionários. Nesta primeira semana do mês, no entanto, os negócios não se concretizaram, segundo Brandalizze.

Ao mesmo tempo em que caem as vendas, o plantio da nova safra 2024/25 avança dentro das melhores condições climáticas dos últimos quatro anos.

Os produtores aumentam a área de plantio em todas as regiões do Brasil, e o potencial de produção sobe para 12,5 milhões de toneladas nesta safra, acima dos 10,5 milhões deste ano.

O crescimento de área de plantio ocorre em todas as regiões, do Sul ao Norte e Nordeste, o que deve garantir esse aumento da produção brasileira, segundo o analista.

Depois da polêmica envolvendo os leilões de arroz devido às enchentes no Rio Grande do Sul, estado que responde por cerca de 70% da produção nacional, a demanda e os preços do cereal continuam bons no mercado externo. A tonelada está cotada a US$ 400, um valor que remunera o produtor nacional. A cotação média internacional deve continuar atrativa, uma vez que proteína animal está cara e a oferta de trigo é menor.

A expectativa também é boa para o feijão na região Sul. Em São Paulo, no entanto, há uma preocupação com as chuvas atuais, que ocorrem em período de colheita.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo

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