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O bitcoin perdeu 57% do seu valor nos últimos seis meses, após um recorde de valorização em novembro, e ficou abaixo do patamar dos US$ 30 mil por unidade nesta terça-feira (10). O valor da criptomoeda já é o mais baixo em quase um ano, registrado em julho de 2021.

O preço médio do bitcoin em 2021 ficou em torno de US$ 47.300. Na segunda-feira (9), caiu abaixo de US$ 31.000, deixando no prejuízo instituições e pequenos investidores domésticos, muitos dos quais se afundaram em seus investimentos. 

Isso acontece por se tratar de um ativo especulativo em um ambiente de inflação generalizada. O Federal Reserve e outros bancos centrais aumentam juros para combater a inflação em um momento em que o cenário econômico se enfraquece.

Nesse ambiente de aumento da taxa de juro no mundo todo, o bitcoin, o maior ativo digital em valor de mercado, caiu pela metade desde seu recorde em novembro. Sofreu cinco semanas consecutivas de declínio e apenas um dia positivo nas últimas 11 sessões até segunda-feira.

Segundo o economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira, com o aumento da taxa de juro nos Estados Unidos, na Inglaterra, no Banco Central Europeu, no Brasil, os investidores, que buscam dinheiro fácil, iniciaram a retirada das criptomoedas. Com isso, veio o efeito manada.

“Quando o primeiro começa a tirar o seu dinheiro, há um círculo vicioso que, cada vez mais, alimenta o estouro dessa bolha. As pessoas vão quer tirar o seu dinheiro e a crise vai ser enorme. Tem muita gente da classe média investindo nisso. Tem muita gente pobre, que não tem dinheiro para comprar comida, mas investiu no bitcoin. Vai tudo virar pó. A forma como as coisas estão sendo feitas é leviana. Não sejam os últimos a sair do quarto para apagar a luz. A criptomoeda que você tem pode virar pó”, afirmou Eduardo Moreira nesta terça no programa ICL Notícias.

Bitcoin é um ativo especulativo

O bitcoin, assim como outras criptomoedas, não é regulado por nenhum órgão vinculado a governos, como os Bancos Centrais. Em vez disso, a blockchain é o que mantém os registros de transações e a emissão limitada de novas criptomoedas é feita por meio de um processo chamado de mineração, efetuado por pessoas e empresas que têm computadores dedicados a essa finalidade e são remunerados (em bitcoin) por essa atividade.

“Criptomoedas são ativos de risco”, disse David Spika, presidente e diretor de investimentos da GuideStone Capital Management. “‘Deve ser um bom hedge de inflação.’ Errado. É um ativo especulativo que não terá um bom desempenho em um ambiente como este.”

O megainvestidor e CEO da Berkshire Hathaway Warren Buffett expressou seu descontentamento com o bitcoin, questionando seu valor e pouco potencial para substituir o dólar. Segundo Buffett, ele não compraria todo o bitcoin do mundo nem por US$ 25, enquanto compraria 1% de todas as terras agrícolas dos Estados Unidos ou 1% de todos os prédios do país por US$ 25 bilhões, porque acredita que esses ativos possam gerar rendimentos ou produtos.

Outro crítico do bitcoin é Nassim Taleb, autor dos best-sellers A Lógica do Cisne Negro, Arriscando a Própria Pele e Antifrágil. Em fevereiro deste ano, quando o valor da criptomoeda teve queda significativa, Taleb disse que ela é um “jogo perfeito para otários durante tempos de juros baixos”. “A verdade é que o bitcoin não é uma proteção contra a inflação, não é uma proteção contra crises do petróleo, não é uma proteção contra ações e, claro, o bitcoin não é uma proteção contra eventos geopolíticos – na verdade, é exatamente o oposto”, disse, em suas redes sociais.

Redação ICL Economia

Com informações das agências de notícias e do ICL Notícias

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