Diante da expectativa de calote da Americanas, bancos estão recuando e podem fazer maiores restrições para a concessão de crédito. Com isso, uma recessão técnica entrou no radar do mercado financeiro, informa o Estado de S. Paulo.
A manutenção da Selic – taxa básica de juros, definida pelo Banco Central e atualmente em 13,75% ao ano – elevada e a menor disposição dos bancos para concederem empréstimos após o caso Americanas formam o cenário da economia brasileira.
“Já temos uma projeção de economia praticamente parada este ano, (crescimento de) 0,7% para o PIB, com o Agronegócio forte e o primeiro trimestre forte. Depois, economia parada. Se a disposição de conceder crédito diminui, pode impactar. Podemos ter dois trimestres negativos, seria uma recessão técnica”, diz a economista-chefe do banco Credit Suisse, Solange Srour.
Crédito ameaçado após calote da Americanas
A preocupação com o crédito foi um dos principais assuntos nas reuniões trimestrais de economistas com o Banco Central, relatou uma fonte à reportagem: “foi muito discutida a preocupação com Americanas, que um evento mais disruptivo no crédito poderia desencadear uma desaceleração muito forte da atividade”.
Na temporada de balanços do quarto trimestre, o Banco do Brasil, por exemplo, previu expansão entre 8% e 12% da carteira de empréstimos este ano, abaixo dos 17% do ano passado. Já o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, afirmou que 2023 será um ano de “limpeza”, com a instituição fazendo empréstimos menos arriscados.
Analista de macroeconomia da LCA, Michael Burt diz que a desaceleração do crescimento do saldo de crédito livre a empresas pode ser de 7% em 2023, após alta de 9,9% em 2022. O caso Americanas, no entanto, trouxe incerteza à economia e pode piorar os números. “Alguns bancos mostraram sinalizações de que isso vai reduzir o apetite para empréstimos, como, por exemplo, o Bradesco. Se isso se concretizar, esse 7,0% pode cair para algo em torno de 6,0% a 5,5%”.
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